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Tarso defende novo modelo econômico
DOS ENVIADOS ESPECIAIS A PARIS
O novo presidente do PT, Tarso
Genro, defendeu ontem a transição para um novo modelo econômico, "que gere distribuição de
renda e um combate maior à desigualdade".
"Defendo, sempre defendi e vou
continuar defendendo", disse, em
improvisada entrevista coletiva
na Universidade de Sorbonne.
Porém, atenção, não se trata
nem de substituir já o modelo do
ministro Antonio Palocci nem de
promover uma ruptura.
A idéia do presidente do PT é
apresentar o novo modelo para
2006, o que traz implícita a idéia,
quase explicitada aliás por Tarso,
de que tanto o atual governo como o seu modelo estão praticamente esgotados.
O ainda ministro da Educação
deixou claro que "nem dentro
nem fora do governo se defende a
idéia de que a estabilidade é um
fim em si mesmo". Mantida a estabilidade, porém, que prefere
chamar de "higidez da economia", é o caso de pensar em novo
modelo de desenvolvimento. Para Tarso, a falha do atual governo
foi precisamente a de não ter "lançado os alicerces para a ultrapassagem" de um modelo que não
pode ser um fim em si mesmo.
A tese de que o governo Lula falhou nesse ponto não é apenas de
Tarso Genro. Foi defendida, também na Sorbonne, por Alain Touraine, sociólogo francês que é o
maior especialista do país e talvez
da Europa em Brasil, além de
amigo de Fernando Henrique
Cardoso e do próprio Tarso.
O especialista francês comentou
a crise com os jornalistas brasileiros para dizer que, mais que os escândalos, o que desgasta a imagem do Brasil no exterior é, segundo ele, o fato "de não terem sido executados os grandes projetos de transformação".
O tema foi tratado no avião em
que a comitiva do presidente Lula
viajou a Paris. Até onde o presidente concordou ou não com
Tarso Genro, ninguém informou.
O que Tarso afirmou, sim, é que
o novo modelo não inclui ruptura. "Qualquer visão rupturista hoje afunda o país", disse, como
uma espécie de habeas corpus
preventivo para a hipótese de que
os mercados financeiros tomem a
sugestão de um novo modelo como proposta de não-pagamento
das dívidas interna e externa.
Tarso Genro deixou claro também que a defesa de um novo modelo será fundamental para a
campanha eleitoral de 2006, por
mais que veja intocado o prestígio
de Lula -em tese, o candidato do
PT à reeleição.
Depois de afirmar que o partido
"dilapidou seu capital moral e sua
referência ética", Tarso Genro
disse que a campanha pela reeleição "pode ser prejudicada se a
nossa militância não se redescobrir, não se mostrar de novo ativa
e encantada".
(CR E SA)
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