São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

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Tarso defende novo modelo econômico

DOS ENVIADOS ESPECIAIS A PARIS

O novo presidente do PT, Tarso Genro, defendeu ontem a transição para um novo modelo econômico, "que gere distribuição de renda e um combate maior à desigualdade".
"Defendo, sempre defendi e vou continuar defendendo", disse, em improvisada entrevista coletiva na Universidade de Sorbonne.
Porém, atenção, não se trata nem de substituir já o modelo do ministro Antonio Palocci nem de promover uma ruptura.
A idéia do presidente do PT é apresentar o novo modelo para 2006, o que traz implícita a idéia, quase explicitada aliás por Tarso, de que tanto o atual governo como o seu modelo estão praticamente esgotados.
O ainda ministro da Educação deixou claro que "nem dentro nem fora do governo se defende a idéia de que a estabilidade é um fim em si mesmo". Mantida a estabilidade, porém, que prefere chamar de "higidez da economia", é o caso de pensar em novo modelo de desenvolvimento. Para Tarso, a falha do atual governo foi precisamente a de não ter "lançado os alicerces para a ultrapassagem" de um modelo que não pode ser um fim em si mesmo.
A tese de que o governo Lula falhou nesse ponto não é apenas de Tarso Genro. Foi defendida, também na Sorbonne, por Alain Touraine, sociólogo francês que é o maior especialista do país e talvez da Europa em Brasil, além de amigo de Fernando Henrique Cardoso e do próprio Tarso.
O especialista francês comentou a crise com os jornalistas brasileiros para dizer que, mais que os escândalos, o que desgasta a imagem do Brasil no exterior é, segundo ele, o fato "de não terem sido executados os grandes projetos de transformação".
O tema foi tratado no avião em que a comitiva do presidente Lula viajou a Paris. Até onde o presidente concordou ou não com Tarso Genro, ninguém informou.
O que Tarso afirmou, sim, é que o novo modelo não inclui ruptura. "Qualquer visão rupturista hoje afunda o país", disse, como uma espécie de habeas corpus preventivo para a hipótese de que os mercados financeiros tomem a sugestão de um novo modelo como proposta de não-pagamento das dívidas interna e externa.
Tarso Genro deixou claro também que a defesa de um novo modelo será fundamental para a campanha eleitoral de 2006, por mais que veja intocado o prestígio de Lula -em tese, o candidato do PT à reeleição.
Depois de afirmar que o partido "dilapidou seu capital moral e sua referência ética", Tarso Genro disse que a campanha pela reeleição "pode ser prejudicada se a nossa militância não se redescobrir, não se mostrar de novo ativa e encantada". (CR E SA)


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