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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/COORDENAÇÃO POLÍTICA
Ministro diz conhecer o episódio "por dentro" e que não houve favorecimento nos R$ 5 milhões investidos pela Telemar na Gamecorp
Wagner defende filho de Lula e reeleição
RANIER BRAGON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Jaques Wagner, novo coordenador político do governo, fez ontem uma defesa veemente de Fábio Lula da Silva, filho
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva, negando que ele tenha sido
beneficiado em negócios particulares pelo seu parentesco.
Fábio é sócio da Gamecorp, que
recebeu investimento de R$ 5 milhões da Telemar. A empresa de
telefonia tem mais de 40 parceiros
para produção de conteúdo para
celulares, mas só mantém participação societária na Gamecorp.
"Sou pai e sei os filhos que tenho, como o presidente sabe os filhos que tem e evidentemente
ninguém gosta que uma pessoa
que está procurando se desenvolver e crescer seja tratada da forma
como foi tratada", afirmou.
Ele diz haver "total lisura" no
caso. "Essa ilação [sobre privilégio] todos podem fazer. Não precisa ser filho de um político, pode
ser filho de uma pessoa famosa.
Posso dizer que conheço o episódio por dentro e tenho absoluta
tranqüilidade de que não houve
nenhum tipo de favorecimento."
Na reunião ministerial que fez
anteontem, Lula classificou, segundo relato de presentes, como
"golpe baixo" e "baixaria" as reportagens sobre seu filho.
Jaques Wagner, que é do PT
baiano, visitou ontem os presidentes do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). O ministro substitui Aldo Rebelo (PC
do B-SP) na coordenação política
e chefiará uma pasta com o nome
de Secretaria do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social e de Relações Institucionais.
Ele também atacou a proposta
de acabar com a reeleição para os
cargos executivos e disse que no
Palácio do Planalto ninguém cogita a hipótese de Lula abrir mão
de tentar um novo mandato.
"O Congresso tem maturidade
para não tentar o casuísmo de
mudar a regra quando o jogo está
sendo jogado", afirmou. "O candidato nosso para a presidência
em 2006 é o presidente Lula", reforçou o ministro, que citou o fato
de a imagem do presidente não
ter sido abalada pela crise, segundo pesquisa CNT/Sensus.
"Não há o menor espaço para
esse tipo de colocação. Ela é legítima de ser feita pela oposição, que
reconhece nele um candidato fortíssimo à reeleição. Mas da parte
do governo e do próprio presidente nunca ouvi essa conversa."
Desde o estouro da crise política, Lula tem dado sinais de que
pode não tentar a reeleição e há
inclusive uma incipiente conversa
entre governo e oposição com o
objetivo de acelerar a aprovação
de projetos de emenda à Constituição para vetar a possibilidade
de mandatos simultâneos para
presidente, governadores e prefeitos. A reeleição no Executivo
foi instituída em 1997.
Apesar de elogiar o antecessor e
dizer que trabalhará em conjunto
com Aldo Rebelo, que retoma o
seu mandato de deputado, Wagner disse que pretende recuperar
a relação "fio de bigode" com o
Congresso, já que parte da crise
entre Executivo e sua base no Legislativo ocorreria pelo não-cumprimento de promessas.
"Nesta Casa, o que vale é a garantia do "fio do bigode': compromisso assumido é compromisso
cumprido. Vou pedir um voto de
confiança", disse.
O ministro não descartou, por
fim, a possibilidade de se candidatar ao governo da Bahia, o que
contraria a regra declarada da reforma ministerial, a de que candidatos deveriam deixar o governo.
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