São Paulo, quinta-feira, 14 de julho de 2005

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DISCRETO

Ocupante da Presidência prefere não sair de Brasília na ausência de Lula

Interino, Alencar evita exposição

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Diante da pior crise política do governo, o presidente interino e ministro da Defesa, José Alencar, preferiu a reclusão no Palácio do Planalto nos quatros dias que ficará no gabinete da Presidência da República.
Por conta disso, Alencar, que ontem passou o dia no terceiro andar do Palácio do Planalto recebendo parlamentares mineiros, cancelou duas viagens que faria enquanto Lula cumpre agenda oficial em Paris. Lula viajou no início da tarde de anteontem e somente retorna ao país na madrugada de sábado.
Anteontem à noite, já como presidente interino, Alencar não compareceu à cerimônia de posse do novo presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. E decidiu cancelar sua ida hoje a Curitiba, onde participaria de jantar do Dia do Comerciante, promovido pela Federação do Comércio do Paraná.
A reclusão de Alencar tem duas justificativas. A primeira delas é que, diante da turbulência política nacional, o presidente interino quer ficar em Brasília numa espécie de plantão a eventuais novas denúncias que atinjam o governo federal. Isso, porque, quando se desloca em viagens ao exterior, Lula costuma telefonar a Alencar para ouvir dele um panorama do andamentos do dia-a-dia do Planalto e das repercussões do noticiário.
A outra preocupação de Alencar tem um cunho mais pessoal. Ele preferiu manter sua discrição enquanto presidente interino, evitando a presença em eventos públicos, para não passar uma falsa idéia de tranqüilidade da Presidência.

Crítica
Aliado do governo diante da atual crise política, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) atacou ontem a decisão do presidente Lula de retirar o status de ministério da Secretaria Especial de Direitos Humanos. Para o movimento, Lula deu "um tiro no pé" ao tomar essa atitude.
Vinculada à Presidência desde o início do governo, em janeiro de 2003, a secretaria passará a ser subordinada ao Ministério da Justiça. Seu titular, Nilmário Miranda, decidiu deixar o governo para se dedicar à campanha para presidente do PT de Minas Gerais. Seu substituto ainda não foi definido.
"Para nós, com conflitos dia e noite no campo, a presença do ministro Nilmário Miranda nos locais era uma simbologia importante", disse João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do movimento.
Segundo Rodrigues, o MST levará essa "indignação" ao presidente Lula, assim que ele retornar de sua viagem à França.
O líder dos sem-terra admite a falta de estrutura e de recursos da secretaria de Nilmário Miranda, mas se apega ao status de ministério como um diferencial. "A presença de um ministro, se não resolve todos os problemas, pelo menos traz mais respeito."


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