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DISCRETO
Ocupante da Presidência prefere não sair de Brasília na ausência de Lula
Interino, Alencar evita exposição
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Diante da pior crise política
do governo, o presidente interino e ministro da Defesa, José
Alencar, preferiu a reclusão no
Palácio do Planalto nos quatros
dias que ficará no gabinete da
Presidência da República.
Por conta disso, Alencar, que
ontem passou o dia no terceiro
andar do Palácio do Planalto recebendo parlamentares mineiros, cancelou duas viagens que
faria enquanto Lula cumpre
agenda oficial em Paris. Lula
viajou no início da tarde de anteontem e somente retorna ao
país na madrugada de sábado.
Anteontem à noite, já como
presidente interino, Alencar
não compareceu à cerimônia de
posse do novo presidente da Federação das Indústrias do Rio
Grande do Sul, em Porto Alegre.
E decidiu cancelar sua ida hoje a
Curitiba, onde participaria de
jantar do Dia do Comerciante,
promovido pela Federação do
Comércio do Paraná.
A reclusão de Alencar tem
duas justificativas. A primeira
delas é que, diante da turbulência política nacional, o presidente interino quer ficar em Brasília
numa espécie de plantão a eventuais novas denúncias que atinjam o governo federal. Isso, porque, quando se desloca em viagens ao exterior, Lula costuma
telefonar a Alencar para ouvir
dele um panorama do andamentos do dia-a-dia do Planalto
e das repercussões do noticiário.
A outra preocupação de Alencar tem um cunho mais pessoal.
Ele preferiu manter sua discrição enquanto presidente interino, evitando a presença em
eventos públicos, para não passar uma falsa idéia de tranqüilidade da Presidência.
Crítica
Aliado do governo diante da
atual crise política, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) atacou ontem a
decisão do presidente Lula de
retirar o status de ministério da
Secretaria Especial de Direitos
Humanos. Para o movimento,
Lula deu "um tiro no pé" ao tomar essa atitude.
Vinculada à Presidência desde
o início do governo, em janeiro
de 2003, a secretaria passará a
ser subordinada ao Ministério
da Justiça. Seu titular, Nilmário
Miranda, decidiu deixar o governo para se dedicar à campanha para presidente do PT de
Minas Gerais. Seu substituto
ainda não foi definido.
"Para nós, com conflitos dia e
noite no campo, a presença do
ministro Nilmário Miranda nos
locais era uma simbologia importante", disse João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do movimento.
Segundo Rodrigues, o MST levará essa "indignação" ao presidente Lula, assim que ele retornar de sua viagem à França.
O líder dos sem-terra admite a
falta de estrutura e de recursos
da secretaria de Nilmário Miranda, mas se apega ao status de
ministério como um diferencial.
"A presença de um ministro, se
não resolve todos os problemas,
pelo menos traz mais respeito."
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