São Paulo, terça-feira, 14 de julho de 2009

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Yeda acusa Tarso de sabotar seu governo

Governadora afirma que "PF tem atuado de maneira muito estranha'; ministro nega viés partidário nas investigações

Tucana diz que "campanha eleitoral começou antes da hora" no Estado; petista afirma que PF não investiga pessoas, mas sim fatos

FLÁVIO ILHA
COLABORAÇÃO PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

ESTELITA HASS CARAZZAI
DA AGÊNCIA FOLHA

A governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), disse ontem que há uma "tentativa de golpe" contra seu governo. Numa série de entrevistas para emissoras de TV e de rádio, ela acusou o ministro Tarso Genro, da Justiça, de estar por trás das denúncias contra sua administração.
Tarso é pré-candidato do PT ao governo gaúcho em 2010. Na última pesquisa Datafolha, em maio, Tarso lidera com índices que vão de 34% a 40% das intenções de voto, enquanto Yeda aparece com apenas 7%. Os pré-candidatos do PMDB aparecem à frente da governadora.
"Você está vendo perfeitamente que a campanha eleitoral começou antes da hora", disse a governadora tucana, em entrevista à TV Record.
"Você vê que há um ministro gaúcho candidato, e que estão antecipando ações nas suas áreas que impedem, reduzem ou dão mais trabalho para a governadora e seu governo fazerem coisas boas para o Rio Grande", declarou Yeda.
As denúncias contra Yeda se arrastam desde o início da Operação Rodin, da Polícia Federal, em novembro de 2007, que investiga supostas fraudes no Detran gaúcho. Desde então, a oposição e ex-aliados do governo têm feito inúmeras denúncias de corrupção contra a administração gaúcha.
Nas entrevistas concedidas ontem, Yeda criticou a atuação da Polícia Federal, que está sob o comando do ministro da Justiça. "A PF tem atuado de maneira muito estranha. A Operação Rodin [que apura fraudes no Detran gaúcho] tem dois anos e não chegou a nenhuma conclusão. Diariamente se abre mais uma investigação. E não acaba nunca", disse, em entrevista à Rádio Gaúcha.

Outro lado
Em nota, Tarso Genro negou que a Polícia Federal esteja atuando politicamente. Segundo o ministro, a PF tem feito "um trabalho sereno e imparcial", e "jamais assume posição [...] nos debates entre partidos ou personalidades políticas".
Tarso afirmou que a PF não investiga pessoas, e sim "fatos supostamente delituosos". Na nota, ele disse ainda que o Ministério da Justiça continuará a agir "sem qualquer preocupação com o vínculo ideológico ou partidário dos governantes".
Tarso Genro disputa com outros dois nomes a indicação do PT para disputar o governo gaúcho -há ainda a possibilidade de o partido não lançar candidato no Estado, em benefício de uma aliança de caráter nacional. Na última pesquisa Datafolha, Tarso liderava as intenções de voto no Estado.
A filha do ministro e deputada federal pelo PSOL, Luciana Genro, também apontada por integrantes do governo gaúcho como parte da "conspiração" contra Yeda, disse ontem que nunca recebeu informações privilegiadas do pai.
Em fevereiro, integrantes do PSOL gaúcho -entre eles, Luciana Genro- reuniram a imprensa para relatar que haviam tido acesso a gravações que comprometiam representantes do governo de Yeda em denúncias de corrupção.
"Não interessa ao PT fortalecer o PSOL. Se ele [Tarso Genro] fosse dar informações privilegiadas a alguém, daria ao PT", declarou Luciana. O PSOL lançou a pré-candidatura do vereador Pedro Ruas, de Porto Alegre, ao governo do Estado.


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