São Paulo, terça-feira, 14 de agosto de 2001

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CRISE NO ESPÍRITO SANTO

Comissão da Assembléia aprova início de impeachment, que agora será apreciado em plenário

Processo de cassação de Ignácio é aprovado

FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA

Por 10 votos a 6, a comissão especial da Assembléia Legislativa do Espírito Santo aprovou ontem à noite o início do processo que pode culminar no impeachment do governador José Ignácio (sem partido). Ele é acusado de conivência com esquemas de corrupção em seu governo, como a cobrança de propina para a liberação de benefícios fiscais para empresas. Ignácio nega seu envolvimento e diz que afastou os acusados de cometer irregularidades.
A comissão processante que dá sequência ao pedido de afastamento do governador, no entanto, só será instalada depois da aprovação dos demais deputados.
A aceitação do pedido de afastamento será publicada hoje, e a Mesa Diretora terá 48 horas para submeter a questão ao plenário. Para a comissão processante ser instalada, é necessária a aprovação de 20 dos 30 deputados. Neste caso, o governador será afastado por 180 dias do governo.
Dos 16 deputados que integram a comissão, seis votaram contra a tramitação do processo. São eles: Camilo Araújo (PSDB), Gumercindo Vinand (PSDB), Marcos Gazzani (PSDB), José Tasso (PFL), Paulo Loureiro (PFL) e Mateus Vasconcelos (PFL).
Em uma manobra política, a base governista tentou atrasar a votação, pedindo vistas do processo. A sessão foi interrompida três vezes. O prazo para a votação do pedido de afastamento pela comissão especial era até a próxima sexta, mas os deputados resolveram agilizar o processo. "O Estado está parado há muito tempo devido a essas denúncias. Queremos resolver logo essa situação", disse o deputado Luiz Pereira (PFL), que é presidente da comissão.
O deputado Pereira ameaçou sair do partido porque não tinha sido escolhido para integrar o grupo. Ele acusou o líder da bancada pefelista, Eval Galazi, de escolher a "tropa de choque" do governador, contrária ao impeachment. Para evitar o racha, o deputado Gilson Amaro renunciou a sua vaga. O PFL ensaiou uma ruptura com o governo por não ter sido consultado a respeito da reforma do secretariado, promovida por Ignácio para melhorar sua imagem. Depois, no entanto, os pefelistas indicaram o atual secretário de Educação, Stélio Dias.
A bancada pefelista possui um terço da Assembléia, com dez deputados. A posição do partido é decisiva na votação do processo de impeachment.
A crise no Estado já provocou a prisão de dez pessoas e levou o governador a deixar o PSDB. Na sequência, a Executiva tucana interveio no diretório regional.
Amanhã, a CPI da Propina apresenta o relatório final na Assembléia. De acordo com os deputados, cerca de 20 pessoas devem ser indiciadas, entre elas o cunhado do governador e ex-secretário de Governo, Gentil Ruy.
O cunhado de Ignácio teve a prisão temporária prorrogada duas vezes e está detido há duas semanas. No último sábado, foram soltos quatro integrantes da Fundação Augusto Ruschi: o presidente, Augusto Ruschi Filho, o ex-diretor financeiro Aluízio Santos, o prestador de serviço Flávio Quintanilha e o auditor Paulo da Silva. Dilma Marangoni, uma das diretoras das fundação, continua foragida.



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