|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRISE NO ESPÍRITO SANTO
Comissão da Assembléia aprova início de impeachment, que agora será apreciado em plenário
Processo de cassação de Ignácio é aprovado
FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA
Por 10 votos a 6, a comissão especial da Assembléia Legislativa
do Espírito Santo aprovou ontem
à noite o início do processo que
pode culminar no impeachment
do governador José Ignácio (sem
partido). Ele é acusado de conivência com esquemas de corrupção em seu governo, como a cobrança de propina para a liberação de benefícios fiscais para empresas. Ignácio nega seu envolvimento e diz que afastou os acusados de cometer irregularidades.
A comissão processante que dá
sequência ao pedido de afastamento do governador, no entanto, só será instalada depois da
aprovação dos demais deputados.
A aceitação do pedido de afastamento será publicada hoje, e a
Mesa Diretora terá 48 horas para
submeter a questão ao plenário.
Para a comissão processante ser
instalada, é necessária a aprovação de 20 dos 30 deputados. Neste
caso, o governador será afastado
por 180 dias do governo.
Dos 16 deputados que integram
a comissão, seis votaram contra a
tramitação do processo. São eles:
Camilo Araújo (PSDB), Gumercindo Vinand (PSDB), Marcos
Gazzani (PSDB), José Tasso
(PFL), Paulo Loureiro (PFL) e
Mateus Vasconcelos (PFL).
Em uma manobra política, a base governista tentou atrasar a votação, pedindo vistas do processo.
A sessão foi interrompida três vezes. O prazo para a votação do pedido de afastamento pela comissão especial era até a próxima sexta, mas os deputados resolveram
agilizar o processo. "O Estado está
parado há muito tempo devido a
essas denúncias. Queremos resolver logo essa situação", disse o deputado Luiz Pereira (PFL), que é
presidente da comissão.
O deputado Pereira ameaçou
sair do partido porque não tinha
sido escolhido para integrar o
grupo. Ele acusou o líder da bancada pefelista, Eval Galazi, de escolher a "tropa de choque" do governador, contrária ao impeachment. Para evitar o racha, o deputado Gilson Amaro renunciou a
sua vaga. O PFL ensaiou uma ruptura com o governo por não ter sido consultado a respeito da reforma do secretariado, promovida
por Ignácio para melhorar sua
imagem. Depois, no entanto, os
pefelistas indicaram o atual secretário de Educação, Stélio Dias.
A bancada pefelista possui um
terço da Assembléia, com dez deputados. A posição do partido é
decisiva na votação do processo
de impeachment.
A crise no Estado já provocou a
prisão de dez pessoas e levou o
governador a deixar o PSDB. Na
sequência, a Executiva tucana interveio no diretório regional.
Amanhã, a CPI da Propina
apresenta o relatório final na Assembléia. De acordo com os deputados, cerca de 20 pessoas devem ser indiciadas, entre elas o
cunhado do governador e ex-secretário de Governo, Gentil Ruy.
O cunhado de Ignácio teve a prisão temporária prorrogada duas
vezes e está detido há duas semanas. No último sábado, foram soltos quatro integrantes da Fundação Augusto Ruschi: o presidente,
Augusto Ruschi Filho, o ex-diretor financeiro Aluízio Santos, o
prestador de serviço Flávio Quintanilha e o auditor Paulo da Silva.
Dilma Marangoni, uma das diretoras das fundação, continua foragida.
Texto Anterior: Igreja: Novo arcebispo do Rio propõe politização e critica "showmissa" Próximo Texto: Crise no Rio: Assembléia não deve aprovar CPI contra Garotinho Índice
|