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"Doadoras" de Duda são ligadas a doleiro
ANDRÉA MICHAEL
RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Deal Financial Corporation,
uma das oito empresas virtuais
que abasteceram com R$ 10,5 milhões a conta do publicitário Duda Mendonça no paraíso fiscal
das Ilhas Bahamas, tem operações
financeiras no exterior associadas
ao doleiro de Belo Horizonte
(MG) Haroldo Bicalho.
A conta da Deal, aberta num
banco da Flórida, nos Estados
Unidos, que transaciona com a
offshore do doleiro de Minas Gerais é a mesma que enviou recursos para Duda Mendonça, conforme extratos que ele entregou à
CPI dos Correios, na semana passada, em Brasília.
Segundo a CPI dos Correios, o
doleiro Bicalho atuou para agências de publicidade do empresário
Marcos Valério Fernandes de
Souza em operação de remessas
para o exterior já detectadas pela
CPI do Banestado.
O doleiro é um dos operadores
da subconta Lonton Trading, instalada na conta-mãe da Beacon
Hill Service Corporation, uma
empresa de fachada que girou bilhões de dólares no Chase Manhattan em Nova York.
Bicalho foi preso durante a Operação Farol da Colina, da Polícia
Federal, que prendeu 64 doleiros
em julho de 2004. Ele foi denunciado pelo Ministério Público Federal pelos crimes de evasão fiscal
e lavagem de dinheiro, e hoje sofre processo na Justiça Federal.
As operações que associam a
Lonton à Deal somam US$ 863,11
mil entre 1999 e 2002 -o correspondente a quase 25% do total de
US$ 3,56 milhões que a subconta
girou no período.
Os registros dão consistência a
trechos das afirmações que Duda
Mendonça fez na CPI dos Correios. No depoimento, ele disse
que Marcos Valério, ao fazer as
remessas para sua conta nas Bahamas, já tinha montado um esquema de movimentação de dinheiro no exterior.
E essa engenharia acabou sendo
utilizada para pagar os serviços
que Duda Mendonça prestou ao
PT em 2002 e 2003, em mais uma
fatia do caixa dois das campanhas
eleitorais petistas.
Movimentações
A base de dados do norte-americano MTB Bank associa à Deal
Financial Corporation uma movimentação de US$ 13,9 milhões entre 1999 e 2003.
No registro das operações do
MTB consta a conta da Deal Financial no banco BAC, de Miami.
Dessa conta também saiu pelo
menos uma remessa de
US$ 97.057 para a conta de Duda
Mendonça, em 7 de maio de 2003,
conforme documento que o publicitário apresentou à CPI dos
Correios na última semana.
Na movimentação associada à
Deal Financial no MTB essa mesma conta do BAC, de Miami, faz
operações com a Azteca, uma
conta operada por doleiros do Rio
de Janeiro.
A Beacon Hill e o MTB são investigados pelas autoridades
americanas por prática de lavagem de dinheiro. A empresa acabou fechada pela Promotoria nova-iorquina sob acusação de retransmissão ilegal de fundos. O
banco, vendido.
Em 2003, a CPI do Banestado,
que investigava prática de evasão
de divisas e lavagem de dinheiro,
conseguiu com as autoridades
americanas acesso ao arquivo das
operações financeiras da Beacon
Hill e do MTB. As bases abrigam
as operações associadas à Deal,
que somam US$ 13,92 milhões
entre 1999 e 2003.
A CPI dos Correios discute uma
forma de rastrear os recursos sem
origem identificada que chegaram à conta aberta por Duda
Mendonça nas Bahamas, segundo ele, a pedido de Valério.
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