São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2005

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"MENSALÃO" /PT x PT

Candidatos à presidência do partido discutem punição a envolvidos no caso do "mensalão"

Esquerdas do PT articulam expulsão de Delúbio em SP

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares poderá ser expulso do partido já na semana que vem. Ainda que em "palanques" opostos, os principais candidatos à presidência do PT -à exceção do Campo Majoritário- se reuniram ontem, em São Paulo, para traçar uma estratégia conjunta pela expulsão de Delúbio, a abertura de processo na Comissão de Ética para investigar a participação de deputados no escândalo do "mensalão" e a redução do mandato do presidente, Tarso Genro.
Mais tarde, num debate entre as chapas que disputam o comando do partido, a expulsão dos envolvidos no escândalo foi defendida por todos os candidatos. Até mesmo o representante do Campo Majoritário, o presidente do PT de São Paulo, Paulo Frateschi, afirmou que os integrantes da corrente foram "tolerantes" com esses companheiros, mas que eles "têm de ser punidos".
Antes de discursar para um plenário de cerca de 1.200 petistas, em sua maioria militantes de esquerda, Frateschi acenou com a possibilidade de expulsão de Delúbio a partir de terça-feira, data de seu depoimento à comissão de Ética e da reunião da Executiva Nacional do partido em Brasília.
"Pela expulsão de todos os envolvidos no processo. Não somos coniventes com corrupção", conclamou Raul Pont, candidato da Democracia Socialista, interrompido por aplausos.
Numa resposta às ameaças de saída em massa do PT, Valter Pomar disse que, "se alguém tem que sair do PT, são os corruptos".
Na terça-feira, a Democracia Socialista (DS), o Movimento PT e a Articulação de Esquerda deverão levar à Executiva uma proposta de redução da agenda planejada para depois da eleição do novo presidente do PT, prevista para o dia 18 do mês que vem.
Com isso, o mandato de Tarso seria encerrado até outubro, em vez de dezembro, como está programado. "Nossa conclusão é que a direção atual não deve mais ficar no comando do partido", disse o líder do PT na Câmara e participante das reuniões, Fernando Ferro (PT-PE).
"Não seremos omissos como tem sido a atual direção", criticou a candidata do Movimento PT, Maria do Rosário (RS).
Ferro chama de provocação o fato de o PT não ter submetido até hoje os envolvidos à Comissão de Ética. Disse que defenderá a abertura do processo e a convocação do Diretório para expulsão de Delúbio na terça.

Governo Lula
Apesar do consenso quanto à expulsão dos envolvidos -ainda que sem citar seus nomes- candidatos e platéia divergiam quando o assunto era o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Frateschi e o porta-voz da chapa Socialismo e Democracia, Jilmar Tatto, foram vaiados ao propor defesa vigorosa do governo Lula. Mas o candidato da chapa "Terra, Trabalho e Soberania", Markus Sokol, também foi ao dizer que "este governo não é do PT".
Mais aplaudido dos oradores, Plínio de Arruda Sampaio (Esperança Militante), classificou Lula como companheiro. "Mas não é o super-homem". Numa disputa em que os próprios candidatos têm pagado suas passagens, os participantes foram alertados para o calor da discussão logo no início, quando Luiz Antônio Carvalho pediu um aparte para propor a expulsão do ex-ministro José Dirceu e lamentar: "A casa caiu".

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