São Paulo, sexta, 14 de agosto de 1998

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GOVERNO
Operação "caça-fantasmas' prejudicou correntistas com valores pequenos; recadastramento será reaberto
BC devolve dinheiro de contas bloqueadas


CARI RODRIGUES
da Sucursal de Brasília

O governo abriu um novo prazo para recadastramento de contas bancárias e vai devolver aos correntistas o dinheiro bloqueado e recolhido ao Banco Central.
A medida está sendo anunciada depois de ter sido revelado pela Folha, em junho, que os principais prejudicados pelo fechamento das contas não-recadastradas não foram os grandes "fantasmas", mas sim os correntistas com poucos valores depositados nos bancos.
A partir do próximo dia 19 e até 31 dezembro deste ano, as pessoas que não recadastraram suas contas devem procurar as agências bancárias onde mantinham seus depósitos e solicitar o saque dos recursos recolhidos ou fazer o recadastramento.
O Tesouro Nacional vai pagar a remuneração dos depósitos feitos em caderneta de poupança e que foram recolhidos ao Banco Central por falta de recadastramento.
O rendimento da poupança é equivalente à TR (Taxa Referencial) mais 0,5% de juros ao mês.
Histórico
O recadastramento das contas começou em novembro de 1993 e foi prorrogado várias vezes. A data final para atualização dos dados nos bancos terminou em 28 de novembro do ano passado.
A partir daí, os saldos nas contas não recadastradas foram transferidos ao Banco Central e, posteriormente, ao Tesouro Nacional.
A operação de recadastramento, conhecida como caça aos chamados "fantasmas" (pessoas com nomes e CPFs falsos), terminou com o fechamento de 1.491.720 contas.
Ao todo, foram recolhidos R$ 449.337.173,64 ao BC, segundo dados oficiais, e devolvidos apenas R$ 47,533 milhões referentes a contas de pessoas que recorreram contra o bloqueio dos recursos.
Do total de contas bloqueadas, 92% tinham valor inferior a R$ 1.000, o que corresponde a 1.372.382 contas, segundo o secretário do Tesouro Nacional, Eduardo Guimarães.
Ou seja, o governo recolheu dinheiro de pequenos correntistas, conforme adiantou a Folha.
Guimarães não soube informar o número de contas não recadastradas com valor superior a R$ 100 mil, mas disse que que "são muitas".
Aproximadamente R$ 401 milhões ainda estão disponíveis para devolução, segundo o secretário do Tesouro Nacional.
O valor médio das contas bloqueadas é de R$ 279, segundo o BC. Guimarães acredita que deve haver procura por apenas metade desse valor.
A não-atualização das contas pelos titulares fez o governo presumir que eram "fantasmas" em medida provisória que virou lei e determinou o recolhimento do dinheiro aos cofres do Tesouro Nacional.
O dinheiro seria dividido entre o Programa Nacional de Reforma Agrária (60%) e o Fundo de Garantia para Promoção da Competitividade (40%).

Recuperação
Os correntistas devem levar até a agência onde mantinham a conta a carteira de identidade, o CPF e um comprovante de endereço. Quem tiver o número da conta ou um extrato facilitará o recadastramento ou saque do dinheiro.
As pessoas que possuíam contas em bancos liquidados devem procurar a delegacia regional do Banco Central para obter orientações.
Caso a agência tenha fechado, o cliente deve dirigir-se a outra mais próxima do mesmo banco.



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