São Paulo, sexta, 14 de agosto de 1998

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Marcello Alencar apoiará Garotinho

LUIZ ANTÖNIO RYFF
da Sucursal do Rio

O governador do Rio, Marcello Alencar (PSDB), decidiu apoiar o candidato do PDT ao governo do Estado, Anthony Garotinho, no segundo turno, caso o presidente Fernando Henrique Cardoso se reeleja no primeiro turno, conforme apurou a Folha.
O apoio obedece mais a interesses práticos do que a afinidades ideológicas ou políticas. O objetivo principal é impedir que o candidato do PFL ao governo, Cesar Maia, controle o governo do Estado e a prefeitura -o atual prefeito, Luiz Paulo Conde, é seu apadrinhado político. Maia declarou que um de seus objetivos é acabar com o PSDB no Rio após 1998.
Publicamente, entretanto, Alencar disse que trabalha com três hipóteses no segundo turno: liberar os militantes do partido para votar em quem quiser, apoiar Garotinho ou apoiar Maia.
Alertado por seu assessor de imprensa, Alencar disse acreditar que Luiz Paulo Corrêa da Rocha, o candidato do PSDB, que tem 3% de intenção de votos segundo a última pesquisa Datafolha, chegue ao segundo turno.
Complô
Maia, acusou ontem o ministro da Saúde, José Serra, de fazer parte de um suposto complô contra sua candidatura e as de Paulo Maluf (PPB) e Mário Covas (PSDB) ao governo de São Paulo.
Segundo ele, o nome de Serra foi apontado pelo presidente da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, que lhe contou sobre o complô.
Articulador do comitê suprapartidário do presidente Fernando Henrique Cardoso no Rio, Gouvêa Vieira disse, em nota divulgada por sua assessoria, que apenas reproduziu em tom jocoso um boato que corre em Brasília.
Ontem, Gouvêa Vieira negou, por sua assessoria, que tivesse falado de Serra na conversa. "Ele citou o nome do ministro Serra. Já que ele (Vieira) está dizendo que não foi bem assim, eu tenho de dizer que ele citou o Serra", disse Maia em entrevista à rádio CBN.
Segundo Maia, ministros de FHC, "pessoas do primeiro escalão do Legislativo" e do "alto tucanato" estariam "financiando e arranjando empresários para financiar" as candidaturas dos pedetistas Anthony Garotinho, ao governo do Rio, e Francisco Rossi, ao de São Paulo.
O objetivo do complô seria evitar a vitória de Maia, de Maluf ou de Covas para impedir que eles, como governadores de Estados importantes, se tornem potenciais candidatos à Presidência em 2002.
O governador do Rio, Marcello Alencar afirmou: "Complô está naquela cabeça doente cheia de minhoca e outras coisas que eu não vou dizer."
Já o ministro da Saúde, José Serra, disse ontem que "o doutor César Maia tem todo o direito a dar vazão a suas fantasias e delírios". "Como ministro da Saúde, se os amigos dele (César Maia) assim o desejarem, posso indicar um psiquiatra para seu tratamento."


Colaborou a Sucursal de Brasília


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