NELSON DE SÁ
da Reportagem Local

Primeira manchete do Jornal da Record:
- Pesquisa aponta recorde de impopularidade de Fernando Henrique.
Segunda manchete:
- O presidente critica duramente o Congresso pela demora das reformas.
Ninguém bate recorde de impopularidade e fica quieto.
FHC não tem como agir, não de imediato. Então, fala. Dele, ao vivo na Globo News e depois nos telejornais:
- Cabe levar quatro, cinco anos pedindo que se faça o óbvio? Não cabe mais. O país não aguenta mais indecisão. E a indecisão não é do presidente. A indecisão é de quem posterga, é de quem não vota, é de quem não comparece.
Em suma, a culpa é do Congresso, não dele, FHC.
Não do presidente que, do quarto para o quinto ano no cargo, é considerado bom ou ótimo por 8%. E ruim ou péssimo por 65%.
São números que não se resolvem com entrevistas dominicais, como aquela reprisada anteontem por Cultura e TVE, ou com camisetas de jogador do Flamengo.
Os números assustaram tanto, ontem, que até Pedro Malan saiu dizendo aceitar um pouco de inflação.

O Jornal Nacional deu manchete para as críticas de FHC ao Congresso, mas não para o recorde. Aliás, nem manchete nem nada.

Entre os 65%, talvez se deva contar Pelé.
O Jornal da Band destacou a declaração histórica -de que ele, Pelé, não foi à Copa de 74 para não ser usado outra vez pelo regime militar.
Mas Pelé disse mais, no programa Supertécnico. Disse que seu sucessor no ministério é ligado aos bingos.
No momento em que Pelé falava, FHC pedia, na entrevista reprisada, que apontassem uma única irregularidade em seu governo.
E-mail: nelsonsa@folhasp.com.br


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