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JUDICIÁRIO
Magistrados pedem investigação sobre assassinato de juiz de Mato Grosso
Associação quer processo no STJ
da Agência Folha, em Cuiabá
A Agência Folha apurou que a
Polícia Federal encontrou um contrato na casa do empresário Josino Guimarães, preso desde a última sexta,
que comprovaria que quem teria
pago um imóvel, no valor de R$
50 mil, foi o desembargador Odiles Freitas Souza.
A Justiça Federal decretou a
quebra do sigilo fiscal de Guimarães. Ele foi acusado pelo juiz Leopoldino Marques do Amaral, encontrado assassinado no Paraguai. O advogado do empresário,
Zoroastro Teixeira, afirmou que
seu cliente é amigo do desembargador Souza. Disse desconhecer o
contrato. Se existe, afirmou, deve
ser referente a alguma dívida.
O desembargador Souza, 66,
disse que conhece o empresário
há oito anos e que não se lembra
quando preencheu quatro cheques, "no valor total entre R$ 40
mil e R$ 50 mil", para Guimarães
pagar a construção de uma casa.
Segundo ele, os cheques foram
um empréstimo e não doação.
Souza disse que as acusações de
seu envolvimento com o tráfico
de drogas foram um "ato desesperado" do juiz Amaral.
Isso aconteceu, na avaliação do
desembargador, porque votou
contra o afastamento de um juiz,
"acusado, por meio de indícios,
de envolvimento com o tráfico".
O juiz José Geraldo Palmeira está afastado desde 1996 por ser
acusado de favorecer presos, em
troca de dinheiro. O Ministério
Público apura também seu envolvimento com o narcotráfico.
"Existe um mártir morto e vários mártires vivos. Eu nem posso
cumprimentar meus amigos,
acusado do que, em 35 anos de
magistratura, sempre abominei,
que é o tráfico", afirmou.
Souza tem a mulher e uma filha
trabalhando no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Segundo ele,
para cargos de confiança, "é preciso ter gente de confiança, como
a família". Ele disse que seus parentes foram contratados, "mas
depois estudaram e passaram nos
concursos públicos". Na CPI do
Judiciário, o juiz Amaral acusava
os desembargadores de promoverem concursos públicos "para
aprovar" seus familiares.
AMB
A AMB (Associação dos Magistrados do Brasil) pediu ontem ao
Superior Tribunal de Justiça a
abertura de um processo de investigação judicial para a apuração das denúncias feitas pelo juiz
Leopoldino Marques do Amaral
contra integrantes do Tribunal de
Justiça de Mato Grosso.
O presidente da AMB, Luiz Fernando Ribeiro de Carvalho, afirmou que as investigações sobre a
morte de Amaral devem continuar nas mãos da Polícia Federal.
E as denúncias do juiz, no STJ.
As acusações atingem 16 integrantes do TJ. Sobre o presidente
da instituição, Wandyr Clait
Duarte, o juiz Amaral acusou o
desembargador de ter contratado
funcionária com objetivo sexual e
manipulado julgamentos.
Uma fita que comprovaria pelo
menos uma dessas acusações foi
divulgada em um site de notícias
de Cuiabá, que foi suspenso anteontem à noite por uma liminar
(decisão provisória) judicial a pedido do presidente do TJ.
O site MidiaNews recebeu uma
fita com gravação de uma conversa entre Duarte e o desembargador José Jurandir de Lima.
Na gravação, usada pela mulher
do presidente do TJ em um processo de separação, Duarte disse a
Lima que uma funcionária chamada Ticiana, que ""havia colocado na Corregedoria e estava cevando" para tentar conseguir
uma relação sexual iria se casar.
Os proprietários do MidiaNews
disseram que recorrerão à Justiça
hoje para tentar cassar a liminar.
Interlocutor de Duarte, o desembargador Lima disse que não
se lembra de tal conversa. Afirmou que se trata de uma gravação
ilegal. Disse ainda que considera
necessário perícia na fita para
comprovar que não é a sua voz.
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