RANIER BRAGON
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

Os deputados estaduais de oposição a Itamar afirmaram ontem que vão propor abertura de processo de impeachment do governador na Assembléia Legislativa, devido ao conflito envolvendo a fazenda em Buritis (MG).
A bancada do PSDB e parte da do PFL se reuniria na noite de ontem para estudar qual o melhor caminho para propor o impedimento. Os deputados reunidos representam cerca de 20% dos parlamentares da Assembléia.
"O Itamar passou dos limites, está criando um clima de intranquilidade no Estado insuportável e é preciso reagir a isso", disse o tucano Amilcar Martins.
O clima ontem na Assembléia foi tenso e por pouco deputados não brigaram no plenário. Itamaristas e oposição se revezaram na tribuna trocando xingamentos e ataques.
"Vou pedir também um exame de sanidade mental. Hoje se vê claramente que ele (Itamar) está fora de si, completamente tresloucado", completou Martins.
Lideranças da sociedade civil disseram à Agência Folha não acreditar que Itamar irá colocar a PM em confronto com o Exército.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado, Stefan Salej, "no fim, vai prevalecer o bom senso e a experiência dos políticos envolvidos".
O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de Minas, Marcelo Leonardo, disse acreditar no "sucesso da intervenção" do ministro Carlos Velloso, presidente do Supremo Tribunal Federal, "para que o impasse chegue a uma solução pacífica".
Para dom Serafim Fernandes de Araújo, cardeal arcebispo de Belo Horizonte, a "briga" entre FHC e Itamar é "sintomática".
Dom Serafim disse que já tentou interferir no embate, mas desistiu. "Nem se Jesus descer na terra, ela (a briga) acaba."
Quem voltou a criticar as atitudes de Itamar foi seu antecessor e inimigo político, o tucano Eduardo Azeredo.
"É mais um fato político que o Itamar usa para tentar esconder o fracasso de sua administração", disse o ex-governador.


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