DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

O governador Itamar Franco (sem partido) recebeu anteontem carta de João Pedro Stedile, dirigente nacional do MST, pedindo apoio aos assentados de Minas Gerais e dizendo que os lavradores não vão invadir a fazenda dos filhos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Na carta, enviada a Itamar momentos antes de ele dar o ultimato para que FHC retirasse do Estado as tropas federais, Stedile culpa o governo federal pela "crise" que vive o setor rural brasileiro e diz que o presidente não cumpriu os acordos feitos com os sem-terra.
Stedile afirma na carta que a "vigília" dos integrantes do movimento na porta da fazenda é apenas "para chamar atenção e denunciar a situação em que se encontram os pequenos agricultores e os assentados".
"Não é intenção dos companheiros ocupar a referida fazenda e muito menos fazer provocações às Forças Armadas", disse Stedile, acrescentando: "Temos certeza de que as Forças Armadas entendem nosso gesto. Como cidadãos, temos o direito de manifestar e também de fazer vigílias em logradouros públicos. E é isso que estamos fazendo. Qualquer pessoa pode transitar por aquela rodovia".

Tentativa
Em Brasília, líderes dos MST tentaram ser recebidos ontem pelo ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário).
Cerca de 20 sem-terra chegaram ao ministério às 11h acompanhados de parlamentares. Cinco deles acabaram sendo recebidos por cerca de 20 minutos pelo chefe de gabinete do ministro, Fernando Abreu.
"Nós já fizemos a nossa parte, cabe ao governo fazer a sua", afirmou Gilberto Portes, um dos líderes do movimento.
Às 17h, o ministério divulgou nota oficial a respeito da tentativa do MST de ser recebido em audiência por Jungmann.
A nota reforça a posição do ministro de só receber representantes do MST "a partir da completa e integral desocupação" de prédios públicos.