DA REPORTAGEM LOCAL

A corrupção no Brasil se agravou do ano passado para cá. É o que constatou o Índice de Percepções da Corrupção, divulgado mundialmente ontem. A nota brasileira caiu de 4,1 em 1999 para 3,9 este ano, numa escala que vai de 0 (altamente corrupto) a 10 (altamente limpo).
O índice foi calculado pela Transparência Internacional, uma ONG (organização não-governamental) com sede na Alemanha e escritórios em 80 países.
Em 1999, quando foram pesquisados 99 países, o Brasil era o 45º colocado. Caiu para 49º lugar este ano, quando o universo foi reduzido para 90 países. O Brasil já teve nota pior em 1995 (2,7), a primeira vez que foi calculado esse índice pela ONG.
Para avaliar a situação da corrupção no Brasil no ano 2000, a ONG diz que foram realizadas oito pesquisas, com 700 a 800 pessoas, dentro e fora do país, de 1998 até este ano.
O público pesquisado, segundo o escritório nacional da entidade (Transparência Brasil), inclui empresários, políticos, especialistas e a população em geral. No entanto, a ONG não divulgou o teor das pesquisas que utilizou para avaliar a percepção da corrupção.
"Não é possível medir a corrupção de forma objetiva", disse o presidente da Transparência Brasil, Eduardo Capobianco.
Segundo o vice-presidente da representação brasileira, o empresário Neissan Menajen, o Brasil pode perder investimentos externos com essa percepção de que a corrupção aumentou.
Segundo Capobianco, o governo precisa adotar um programa específico para acabar a corrupção, como Bill Clinton fez nos Estados Unidos. "O Brasil não tem nenhuma política de combate à corrupção, o que tem hoje é o Ministério Público mais eficiente", afirmou Capobianco.
O economista Fernando Garcia, conselheiro da ONG no Brasil, apresentou um estudo mostrando que a renda per capita dos brasileiros aumentaria em R$ 6.000 por ano, no prazo de 15 a 20 anos, se a corrupção caísse para o índice do Canadá (9,2).
Segundo a pesquisa, a Finlândia, que teve nota 10 este ano e 9,8 em 1999, superou a Dinamarca e passou a ser o país onde existe índice zero de corrupção. A Dinamarca teve nota 10 no ano passado e caiu para 9,8 este ano.
O terceiro lugar é dividido pela Nova Zelândia e Suécia, ambos com 9,4. Na América do Sul, estão à frente do Brasil o Chile (7,4) e o Peru (4,4). A Nigéria é o país mais corrupto do ranking, com 1,2.
"A média do Brasil nos coloca entre os mais corruptos. Nossa situação é ruim se considerarmos até mesmo apenas os países em desenvolvimento, como o Chile", diz Garcia.


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