LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

A 18 dias da eleição para a escolha do novo prefeito de Salvador, a Justiça Eleitoral da Bahia resolveu intervir nos anúncios dos dois principais candidatos -o pefelista Antonio Imbassahy e o petista Nelson Pellegrino- para evitar a escalada de agressões verbais mútuas verificada nos últimos dias.
Menos de 24 horas depois de ver o seu maior líder político no Estado, o senador Antonio Carlos Magalhães, ser comparado aos ditadores Adolf Hitler (Alemanha), Benito Mussolini (Itália) e Augusto Pinochet (Chile) -sem citá-lo uma única vez, porém-, o PFL colocou no ar um anúncio político chamando Nelson Pellegrino de ladrão.
"Ele é um personagem menor, baderneiro, oportunista, chantagista, desagregador. Sua falta de caráter e sua mente sórdida estão cada vez mais evidentes", diz o locutor. Servindo de fundo à leitura do texto aparece a imagem de Pellegrino, que é deputado federal.
Em seguida, o PFL aumenta o tom da crítica ao petista. "Roubou o sindicato dos trabalhadores, participou de uma administração que destruiu Salvador", declara o locutor.
O programa do PFL afirma, então, que os eleitores não querem a vitória de Pellegrino.
"Salvador não quer sujeira e vai mandá-lo de volta para o esgoto, de onde nunca deveria ter saído. Aí, certamente, se sentirá bem, convivendo com ratos, que tanto ajudou a proliferar em nossa cidade durante a administração irresponsável e criminosa da qual participou."
Ontem pela manhã, a agência que trabalha para Pellegrino recebeu uma notificação da Justiça Eleitoral suspendendo o anúncio que faz uma comparação velada entre ACM e ditadores.
"No comunicado, a Justiça Eleitoral determina a suspensão das inserções com imagens de figuras já esquecidas pela humanidade, a exemplo do ditador Adolf Hitler", disse o professor Jorge Almeida, um dos coordenadores do programa televisivo de Nelson Pellegrino.
Logo após receber a notificação, o PT encaminhou à Justiça Eleitoral uma ação solicitando a concessão do direito de resposta às acusações feitas pelo PFL contra Pellegrino.
"O direito de resposta na Bahia é concedido apenas ao grupo político comandado pelo senador Antonio Carlos Magalhães", acrescentou o vereador Zezéu Ribeiro (PT).
A Agência Folha entrou ontem à tarde em contato com o juiz eleitoral Salomão Rezedá. Segundo funcionários do seu gabinete, ele estava participando de uma reunião e pediu para não ser incomodado.
Pesquisa Datafolha realizada no último dia 5 aponta que o prefeito pefelista tem 54% das intenções de voto. Nelson Pellegrino ocupa o segundo lugar, com 23%.


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