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QUESTÃO AGRÁRIA
PM fez 24 prisões
MST e dissidentes se confrontam no Paraná
JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA
Confrontos entre integrantes do
MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e dissidentes nos assentamentos Santo
Ângelo e Sebastião Camargo Filho, na cidade de Marilena (extremo noroeste do Paraná), no final
da tarde de anteontem, resultaram em 24 prisões.
Os confrontos começaram no
assentamento Sebastião Camargo
Filho, onde integrantes do MST
tentaram expulsar assentados
dissidentes. No assentamento vivem 41 famílias. Os dissidentes
acusam o MST de exigir taxa de
contribuição dos assentados.
O MST nega a cobrança e acusa
os dissidentes de venda de lotes e
o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de
não combater o comércio de
áreas da União.
A Polícia Militar interveio e deteve 17 pessoas, que foram liberadas em seguida. No assentamento, a PM recolheu quatro revólveres, uma garrucha, sete espingardas e sete coquetéis molotov. Segundo a PM, as armas eram de
pessoas ligadas ao MST. Dois integrantes do movimento foram
feridos a pedradas.
Em represália à ação dos integrantes do MST, dissidentes do
movimento foram ao assentamento Santo Ângelo, onde vivem
37 famílias, distante cinco quilômetros do Sebastião Camargo Filho, e atacaram cinco famílias ligadas ao movimento. A PM chegou ao local no final da tarde de
ontem e encontrou cinco militantes do MST amarrados.
Vinte e quatro dissidentes, entre
eles três mulheres, foram presos
por crime de cárcere privado.
Desses, dois adolescentes foram
liberados na manhã de ontem.
Até o final da tarde de ontem, as
22 pessoas presas ainda prestavam depoimentos ao delegado
Jairo dos Santos, na Delegacia de
Polícia de Nova Londrina (noroeste do PR).
Segundo informações do comandante do 8º Batalhão da PM
em Paranavaí (520 km a noroeste
de Curitiba), tenente-coronel
Luiz Fernando Obladen, foram
apreendidas no local, com os dissidentes, mais dois revólveres,
duas pistolas semi-automáticas e
duas espingardas.
Marli Brambila, da coordenação do MST no noroeste do Paraná, culpou o Incra pelos confrontos. Segundo Marli, há mais de
seis meses o movimento "vem denunciando ao Incra a venda de lotes, que é ilegal, e o órgão nada faz
para impedir isso. Até incentiva o
comércio".
O superintendente do Incra no
Paraná, José Carlos de Araújo
Vieira, disse que o órgão "não está
omisso no caso". "Esse é um quisto antigo, de mais de um ano, em
que assentados ligados ao MST e
assentados do município não se
entendem", afirmou.
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