São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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QUESTÃO AGRÁRIA

PM fez 24 prisões

MST e dissidentes se confrontam no Paraná

JOSÉ MASCHIO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM LONDRINA

Confrontos entre integrantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e dissidentes nos assentamentos Santo Ângelo e Sebastião Camargo Filho, na cidade de Marilena (extremo noroeste do Paraná), no final da tarde de anteontem, resultaram em 24 prisões.
Os confrontos começaram no assentamento Sebastião Camargo Filho, onde integrantes do MST tentaram expulsar assentados dissidentes. No assentamento vivem 41 famílias. Os dissidentes acusam o MST de exigir taxa de contribuição dos assentados.
O MST nega a cobrança e acusa os dissidentes de venda de lotes e o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) de não combater o comércio de áreas da União.
A Polícia Militar interveio e deteve 17 pessoas, que foram liberadas em seguida. No assentamento, a PM recolheu quatro revólveres, uma garrucha, sete espingardas e sete coquetéis molotov. Segundo a PM, as armas eram de pessoas ligadas ao MST. Dois integrantes do movimento foram feridos a pedradas.
Em represália à ação dos integrantes do MST, dissidentes do movimento foram ao assentamento Santo Ângelo, onde vivem 37 famílias, distante cinco quilômetros do Sebastião Camargo Filho, e atacaram cinco famílias ligadas ao movimento. A PM chegou ao local no final da tarde de ontem e encontrou cinco militantes do MST amarrados.
Vinte e quatro dissidentes, entre eles três mulheres, foram presos por crime de cárcere privado. Desses, dois adolescentes foram liberados na manhã de ontem. Até o final da tarde de ontem, as 22 pessoas presas ainda prestavam depoimentos ao delegado Jairo dos Santos, na Delegacia de Polícia de Nova Londrina (noroeste do PR).
Segundo informações do comandante do 8º Batalhão da PM em Paranavaí (520 km a noroeste de Curitiba), tenente-coronel Luiz Fernando Obladen, foram apreendidas no local, com os dissidentes, mais dois revólveres, duas pistolas semi-automáticas e duas espingardas.
Marli Brambila, da coordenação do MST no noroeste do Paraná, culpou o Incra pelos confrontos. Segundo Marli, há mais de seis meses o movimento "vem denunciando ao Incra a venda de lotes, que é ilegal, e o órgão nada faz para impedir isso. Até incentiva o comércio".
O superintendente do Incra no Paraná, José Carlos de Araújo Vieira, disse que o órgão "não está omisso no caso". "Esse é um quisto antigo, de mais de um ano, em que assentados ligados ao MST e assentados do município não se entendem", afirmou.


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