São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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Procurador prepara ação contra ex-diretor do BB

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O procurador da República no Distrito Federal Luiz Francisco Fernandes de Souza deve apresentar na segunda-feira uma ação por improbidade administrativa contra o empresário Ricardo Sérgio de Oliveira e Gregorio Marin Preciado, entre outros.
Ricardo Sérgio arrecadou fundos para campanhas passadas de tucanos, inclusive do candidato a presidente pelo PSDB, José Serra. Marin Preciado é casado com uma prima em primeiro grau do tucano, Vicencia.
A razão principal da ação são empréstimos contraídos por empresas de Marin Preciado no Banco do Brasil. Os valores foram crescendo por falta de pagamento e Preciado acabou recebendo um desconto para quitar a dívida.
À época em que os empréstimos de Marin Preciado foram renegociados pelo BB, Ricardo Sérgio ocupava um cargo na diretoria da instituição. O argumento do Ministério Público é que a operação teria sido lesiva aos cofres públicos -há também uma operação que envolveu o Banespa, quando esse banco ainda pertencia ao governo paulista.
Luiz Francisco é um dos mais controvertidos procuradores da República. Ex-militante filiado ao PT, foi o responsável pela gravação de conversa de Antonio Carlos Magalhães a respeito da violação do painel eletrônico do Senado que resultou na renúncia de ACM. Ontem, o procurador disse que finalizava o texto da ação. "Não se trata de uma ação política, mas apenas com fatos graves ocorridos dentro do âmbito da administração pública", disse.
Ao longo do texto preliminar, o nome de Serra é mencionado algumas dezenas de vezes. Isso ocorre por causa da ligação do tucano com os acusados.
Segundo documentos do próprio BB, a renegociação de dívida de Marin contou com "operações heterodoxas" e "atípicas" de empréstimo e de redução de dívidas.
O BB concedeu a Marin uma redução de dívida de, pelo menos, R$ 73,719 milhões resultantes de juros e encargos acumulados sobre empréstimos. Esse benefício foi dado a duas firmas de Marin Preciado, a Gremafer e a Aceto, que estavam em situação de inadimplência crônica com o banco.
O negócio da Gremafer e da Aceto com o BB começou em 93. O primeiro empréstimo foi equivalente a US$ 2,5 milhões. O segundo empréstimo saiu no final de 95. Foi equivalente a US$ 2,8 milhões. No total, as empresas receberam em reais valor correspondente a US$ 5,3 milhões.
A dívida disparou por causa dos juros altos e da falta de pagamento. Chegou a passar de R$ 61 milhões em novembro de 98, quando o BB finalmente desistiu de ajudar as empresas -uma data que coincide com a saída de Ricardo Sérgio da instituição.
Apesar de lhe faltar dinheiro para pagar em dia o BB, Marin encontrou fundos para fazer doações de campanha a Serra em 94. A Gremafer e a Aceto doaram mais de R$ 85 mil, segundo a prestação de contas do tucano.



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