São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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Tucano defende a reativação da indústria de armamentos no país

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reativação da indústria bélica brasileira, que teve seu apogeu no regime militar (1964-1985), é uma das metas do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, caso seja eleito. Serra passou 14 anos fora do país, exilado pelo regime.
"Eu dou uma enorme importância a isso, até porque as nossas Forças Armadas têm muita capacidade científica e tecnológica", diz Serra, que nesta semana começou a cumprir o roteiro militar obrigatório a todo candidato.
Para o tucano, a reativação da indústria bélica é uma forma de exportar mais e de substituir as importações, peças-chave de seu programa de governo para criar 8 milhões de empregos. Mesmo que isso implique retorno da fabricação de armamentos.
"Se é para exportar e algum país quiser comprar, não vejo problema. É a mesma coisa do cigarro. Eu sou antitabagista, mas, se é para exportar, cada país tem a sua legislação e as suas preferências."
Na concepção do tucano, a reativação do parque bélico vai além da fabricação pura e simples de armamentos. Passa também pela fabricação de veículos e equipamentos, o que permitiria o desenvolvimento tecnológico.
Anteontem, Serra esteve com o ministro da Defesa, Geraldo Quintão. Na próxima terça, deve se encontrar com militares no Rio, quando pretende detalhar seu programa de governo para as Forças Armadas. É um roteiro obrigatório que o tucano havia descuidado, provocando protestos sobretudo na reserva.
Segundo a Folha apurou, Serra é considerado o mais preparado dos candidatos à Presidência pelos militares da ativa.
Mas, ao mesmo tempo, oficiais temem que seu mandato seja uma continuidade do governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. As queixas do governo FHC se referem sobretudo à descontinuidades dos programas militares, ao Orçamento apertado e à inserção do país no mundo globalizado, que julgam ter sido feita sem a necessária contrapartida.
A campanha de José Serra (PSDB) deverá usar outdoors na campanha com a imagem de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A peça, já criada pelo publicitário Nizan Guanaes, tem as fotos do petista e do tucano. E o mote deverá ser parecido com o da campanha de TV, no qual o time serrista pergunta quem é o mais preparado para gerar empregos.
A tentativa de polarização com Lula tem o objetivo de tentar atrair eleitores de Ciro Gomes (PPS) e de Anthony Garotinho (PSB), que rejeitam o petista. Ou seja, é uma ação para criar um segundo turno dentro do primeiro turno, levando quem não quer Lula a optar pelo tucano, que está sendo vendido como o mais forte para derrotar o petista.



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