São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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CAMPANHA

Presidenciável do PPS afirma que petista não o defende de Serra por "conveniência" e que tucano é "inescrupuloso"

Ciro diz que Lula se cala por 'oportunismo'

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, fez ontem duras críticas a Luiz Inácio Lula da Silva. O fato de o presidenciável petista não tê-lo defendido dos ataques do tucano José Serra levou Ciro a dizer que Lula é oportunista.
Ciro disse que, quando estava em segundo lugar nas pesquisas e a "máquina de safadeza do governo e do senhor Serra levantou" as denúncias contra o PT e o seu presidente, José Dirceu, no caso da Prefeitura de Santo André, ele "partiu em defesa" do petista.
O presidenciável do PPS afirmou que, sem consultar seus assessores, defendeu Dirceu por entender que o PT é, "na média, de gente séria" e que as "instituições públicas não podem destruir nomes honrados, pessoas sérias".
"Agora, o que o Lula está fazendo? Orientado por marquetagem, calou-se diante de tudo isso, de escuta telefônica, de dossiê, de denúncias infundadas. O Lula me conhece há mais de 20 anos. Calou-se por conveniência, por oportunismo", afirmou em entrevista à rádio Inconfidência, de Belo Horizonte. E concluiu: "Porque agora virou uma pessoa rendida ao sistema, acreditando que por aí vai remover o preconceito contra ele e ganhar a Presidência da República. É um erro e ele vai pagar muito caro desta vez", afirmou.
Pela manhã, em São Paulo, na inauguração de um comitê negro de apoio à sua chapa em São Paulo, Ciro referiu-se a Serra como "inescrupuloso" e afirmou que o tucano esteve "entranhado nas mal cheirosas" privatizações quando ocupou o Ministério do Planejamento.
"Serra, que foi ministro do Planejamento, que esteve entranhado nas mal cheirosas privatizações brasileiras, que está comprometido até a medula com o nível de entrega da economia ao interesse especulativo estrangeiro, vir prometer 8 milhões [de empregos], para mim, é um insulto à dignidade das pessoas que estão humilhadas, batendo de porta em porta atrás de um emprego." Ciro prometeu, caso eleito, nomear negros para seu ministério.

Propaganda eleitoral
O ministro-auxiliar do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) José Gerardo Grossi concedeu liminar proibindo o presidenciável Ciro Gomes (PPS) de veicular a propaganda em que ele teria responsabilizado José Serra (PSDB), ex-ministro da Saúde, por suicídios de servidores demitidos no Rio.
A propaganda, que foi veiculada no último dia 10, mostrou a demissão de servidores da Fiocruz chamados "mata-mosquitos", no Rio, durante a gestão de Serra no ministério. Grossi reproduziu o seguinte trecho do bloco: "Várias pessoas morreram por causa da irresponsabilidade do ministério [da Saúde]. Nove se suicidaram logo após ser demitidas [...]".
Os advogados de Serra moveram representação contra Ciro acusando-o de ofensa. "A uma primeira vista, parecem afirmações que, ao lado de não corresponderem à verdade, estariam ofendendo a honorabilidade do representado José Serra", afirmou Grossi na liminar.
Em outra decisão, o ministro-auxiliar Caputo Bastos proibiu Serra de veicular a inserção contra Anthony Garotinho (PSB) em que critica a sua gestão como governador do Rio. Grossi e Caputo decidirão depois, no exame de mérito das representações, se concedem ou não o direito de resposta pedido pelos candidatos. Em seguida, o plenário do TSE ainda poderá examinar cada caso.



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