São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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SÃO PAULO

Governador faz crítica indireta a Serra, que promete 8 milhões de vagas, e questiona forma de contabilizar os dados

Alckmin evita estipular meta de empregos

Luiz Carlos Murauskas/Folha Imagem
O governador e candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB) toma chope em caminhada na rua Martin Afonso, em São Vicente


FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) formulou ontem em Santos (SP) uma crítica indireta ao presidenciável tucano José Serra ao se negar a quantificar o total de empregos que pretende criar caso reeleito. Alfinetou ainda iniciativas federais de liberação de verba.
A criação de empregos é a principal bandeira eleitoral de ambos os candidatos. Serra prometeu, se eleito, gerar 8 milhões de empregos no país. A meta do presidenciável tucano é alvo de críticas dos adversários Ciro Gomes (PPS) e Anthony Garotinho (PSB).
Em referência à sua própria campanha, Alckmin afirmou que "é preciso muito cuidado com essa questão de números". O governador questionou como seria possível contabilizar o total de empregos a serem criados.
"Não vou dar um número xis. Vou mostrar como pretendo aumentar o emprego", declarou.
De acordo com o governador, o que ele, como candidato, tem condições de estipular são, por exemplo, metas percentuais de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) ou de aumento das exportações, que, se cumpridas, segundo afirmou, resultarão na elevação do nível de emprego.
"É muito difícil precisar números. A gente precisa ter uma enorme responsabilidade", afirmou Alckmin, que também criticou Luiz Inácio Lula da Silva devido à suposta promessa do petista de gerar 10 milhões de empregos caso seja eleito presidente.
Apesar da alfinetada em Serra, Alckmin elogiou a linha adotada pela campanha do tucano. "O Serra tem lá um objetivo. O do Lula é até maior. Acho que ele [Serra] está correto em priorizar o desenvolvimento", afirmou.
A exemplo da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), que dedica as sextas-feiras à campanha de Lula, Alckmin "enforcou" ontem o expediente administrativo no Palácio dos Bandeirantes para fazer propaganda eleitoral na Baixada Santista.
Ele participou pela manhã, em Santos, do programa jornalístico "Opinião", da TV Mar (afiliada da Rede Record). Depois, acompanhado do vice Cláudio Lembo (PFL) e de prefeitos, fez caminhadas pelas regiões centrais de São Vicente e Praia Grande.
Durante o programa, o governador disparou contra o governo federal, do qual é aliado, ao responder a uma pergunta sobre a criação de um anel ferroviário cujo trajeto ligaria São Paulo, os portos de Santos e São Sebastião e a cidade de São José dos Campos.
"Sou muito descrente dessas propostas federais. Porque em tudo que o governo federal diz que vai colocar dinheiro, eu ponho um pé atrás. Geralmente, ele não põe. Então, quando se diz que o governo federal vai investir R$ 500 milhões, pode pensar duas vezes", declarou o governador.
Após o programa, Alckmin foi novamente questionado sobre o tema, pela Agência Folha, e relativizou. Disse que a "descrença" se devia ao tipo de gestão orçamentária adotada no Brasil, de caráter autorizativo -"o fato de colocar [o gasto] no Orçamento, não quer dizer que vá ser executado".
Segundo colocado nas pesquisas, o governador negou ter adotado como estratégia eleitoral desqualificar José Genoino (terceiro lugar), embora a coligação liderada pelo PSDB tenha apresentado no rádio críticas à atuação parlamentar do petista.
Ao contrário das últimas visitas à Baixada, Alckmin economizou nos ataques a Paulo Maluf (PPB), líder, em queda, das pesquisas eleitorais. "Não tenho convicção de que o Maluf já esteja no segundo turno", afirmou o tucano.


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