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LEGISLATIVO
Disputa pelas vagas da Assembléia Legislativa de São Paulo é mais acirrada do que a para a Câmara dos Deputados, mas instituição ainda carrega o estigma de "governista" e propicia pouca visibilidade
Um poder na sombra
JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Assembléia Legislativa de São
Paulo renova a 6 de outubro suas
94 cadeiras, debaixo de um consenso já bem antigo de que o
mandato de seus deputados tem
muito pouca visibilidade política.
Mesmo assim, está acirrada a
disputa para a eleição de deputado estadual. São 1.431 candidatos,
ou pouco mais de 15 por cadeira.
É comparativamente mais do que
os que concorrem a deputado federal. Para as 70 vagas de São Paulo na Câmara, disputam 728 candidatos, ou 10,3 por cadeira.
Entre alguns deputados e na mídia corre o diagnóstico de que o
prestígio da Assembléia Legislativa começou a entrar em declínio
há quase 20 anos.
Em 1982, o PMDB fez o governo
do Estado e ampla maioria de deputados estaduais. O então governador Franco Montoro não correu o risco de ter sua administração tutelada pelo Legislativo.
A ausência de embates e a presença de uma maioria automática
prosseguiram na legislatura seguinte, que coincidiu com a administração Orestes Quércia. Seu sucessor, Luiz Antônio Fleury Filho,
negociou base de apoio confortável. Mário Covas fez o mesmo. O
atual governador Geraldo Alckmin herdou um bloco de 70 deputados governistas, contra apenas
24 da oposição.
Ocorreu em 1979 a última derrota estrondosa de um governador na Assembléia. Paulo Maluf,
com forte oposição parlamentar,
não conseguiu transferir a capital
do Estado para o interior.
"Hoje em dia, a oposição até
que tenta, mas a Assembléia se
tornou uma caixa de ressonância
do Executivo, e o relacionamento
entre os dois poderes está de uma
vez por todas viciado", diz o deputado César Callegari (PSB). O
presidente da Casa, Walter Feldman diz que não é assim (leia entrevista ao lado).
Um dado citado por Callegari:
dos 184 itens da ordem do dia (lista de assuntos pendentes), há 163
vetos do Palácio dos Bandeirantes
a projetos que, para serem aprovados, contaram com o apoio em
plenário de governistas.
Em 80% dos casos, o governador e sua assessoria técnica alegam "vício de autoria". Ou seja, a
Assembléia teria legislado sobre
questões que não são de sua atribuição ou competência.
Mas como todo projeto, ao tramitar, passa também pela Comissão de Constituição e Justiça, é como se os seus integrantes, na opinião do governo, fossem ineptos
em questão de direito.
A lista de projetos vetados está
na internet (www.al.sp.gov.br).
Há textos para todo gosto, como o
do deputado Conte Lopes (PPB),
que descentraliza os exames toxicológicos do Instituto Médico-Legal, e o de Jamil Murad (PC do B),
que autoriza a criação de uma
universidade na zona leste da capital paulista.
Há ainda o de Campos Machado (PTB), que asseguraria ao consumidor informações sobre a
qualidade dos combustíveis vendidos nos postos, o de Arnaldo
Jardim (PPS), criando o Conselho
Estadual de Políticas Energéticas,
o do próprio Callegari que criaria
um "passe-pedágio", com descontos para estudantes e professores que pegam a estrada para
ter aulas ou lecionar.
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