São Paulo, sábado, 14 de setembro de 2002

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Custos das campanhas são tabu

DA REPORTAGEM LOCAL

O custo real de uma campanha a deputado estadual é assunto tabu. Poucos candidatos abrem o jogo. E os que o fazem só fornecem informações sobre os gastos de seus inimigos partidários ou concorrentes regionais.
Mesmo assim, alguns dados são aparentemente aceitos por todos os envolvidos. A saber:
1) Um candidato que não conte com uma base sólida (religiosa, corporativa, regional) dificilmente se elegeria se não gastar ao menos uns R$ 2 milhões.
2) Os candidatos deverão gastar menos que em 1998, porque a situação econômica diminuiu o tamanho dos cofres de doadores.
3) As "dobradinhas" -candidatos a estadual e a federal que fazem campanha juntos- não são mais sistematicamente financiadas pelos candidatos a federal.
4) Dependendo da coligação e da presença de puxadores de votos dentro delas, um estadual precisará de no mínimo 40 mil votos para se eleger. São favoritos políticos que já foram prefeitos, parentes próximos de prefeitos ou ex-candidatos a prefeituras. No mesmo caso estão os pastores evangélicos, radialistas e sindicalistas.
De resto, há uma inflação de candidatos. Os partidos que mais registraram candidaturas foram, pela ordem, o PT, com 127, o PV, com 118, e o PDT, com 99. Os que têm menos são o PCB, com apenas um, e o PC do B, com oito.
Mas nem todos concorrem com chapas isoladas. As chapas de estaduais são formadas pelas mesmas coligações que registram candidato a governador.
Antônio Cabrera é quem tem mais candidatos a estadual em campanha. São 274, de PDT, PTB e PPS. Em seguida, mas já bastante distanciado, vem Paulo Maluf, com 147 candidatos de PSDC, PL, PTN e PPB. José Genoino, do PT, tem 136 candidatos de seu partido e também do PCB e PC do B. Geraldo Alckmin reúne 128 candidatos, do PSDB, PFL e PSD, com apenas três candidatos a mais que a coligação pela qual se apresenta Ciro Moura. Ele tem 125 concorrentes registrados por um conjunto de pequenos partidos, o PT do B, PSC, PTC e PRP.
Há casos curiosos. Digamos que as pesquisas estejam todas equivocadas, e Osmar Lins (PAN) se eleja governador, e por um desses milagres também eleja todos os seus candidatos a deputado. Sua base parlamentar seria minúscula. Ele teria apenas 12 das 94 cadeiras da Assembléia. (JBN)


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