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REFORMA MINISTERIAL
Presidente teria facilidade para mexer nas duas pastas porque atuais titulares fazem parte da "cota Lula"
PMDB pode herdar Comunicações e Cidades
KENNEDY ALENCAR
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar de ainda não ter uma decisão madura sobre a reforma ministerial que pretende realizar na
virada de outubro para novembro, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva estuda oferecer ao PMDB
duas pastas: Comunicações, hoje
chefiada por Miro Teixeira (PDT-RJ), e Cidades, ocupada por seu
amigo Olívio Dutra (PT-RS).
Esse foi o cenário aventado por
Lula em conversas reservadas no
meio da semana. Um auxiliar do
presidente disse à Folha que ele
tem falado pouco do assunto porque ainda reflete sobre as mudanças, mas que a oferta de Comunicações e Cidades ao PMDB seria a
preferida no momento.
Motivo: seriam as duas pastas
em que teria maior facilidade para
tirar os ministros, seja por menor
desgaste político, seja por amizade com os dois titulares. Seriam
ministros da "cota Lula".
O Ministério das Cidades, que
teve o Orçamento reforçado de
2003 para 2004 (passou de R$ 393
milhões para R$ 550 milhões por
ano), seria tirado da cota petista e
dado ao PMDB. Como é amigo de
Lula, Dutra atenderia a um apelo
para abrir mão do posto por necessidade de composição política.
O PDT de Miro "está na oposição", segundo palavras do ministro José Dirceu (Casa Civil). O
partido tem uma pasta forte e não
retribui no Congresso. Lula gostaria que Miro fosse para o PSB e se
deslocasse para a pasta da Ciência
e Tecnologia, hoje com Roberto
Amaral. O PSB aceita.
Outra possibilidade seria oferecer a Ciência e Tecnologia para o
PMDB, mas a pasta é vista pelo
partido como menos poderosa do
que as Comunicações. Só a pasta
das Comunicações tem neste ano
um orçamento de R$ 447 milhões.
Para 2004, a previsão é de R$ 500
milhões -sem contar os Correios, que têm receita própria.
Apesar de ter seus preferidos,
Lula sabe que não pode impor nomes ao PMDB. Deverá escolher os
ministros de listas enviadas pelas
bancadas do Congresso a ele.
Entre os deputados, está certo
que o ministeriável é o líder do
partido na Câmara, Eunício Oliveira (CE), que cobiça as Comunicações. A ida dele para o ministério abriria caminho para o deputado federal Michel Temer
(PMDB-SP) assumir o posto de líder na Câmara. A mudança desencadearia a negociação para sua
sucessão na presidência do
PMDB, cobiçada pelo ex-governador paulista Orestes Quércia,
hoje aliado de Lula no partido.
Já especulou-se em Brasília sobre a possibilidade de Ciro Gomes
(Integração Nacional) tomar o
posto de Guido Mantega no Planejamento. É pouco provável.
Apesar de Lula gostar de Ciro e de
elogiá-lo, há resistência do chamado "núcleo duro" do governo,
o grupo de ministros petistas
mais próximos de Lula, a dar um
posto tão estratégico a Ciro.
A saída de Anderson Adauto
(PL) dos Transportes é dada como certa no Palácio do Planalto.
O substituto viria do seu próprio
partido, Alfredo Nascimento,
prefeito de Manaus (AM), que
deixaria o mandato.
A área social é a maior candidata a enxugamento no ministério.
No entanto, Lula avalia a possibilidade de manter Benedita da Silva na pasta da Assistência e Promoção Social. Ela chorou quando
soube pelos jornais que poderia
vir a ser designada para uma embaixada. Já José Graziano (Combate à Fome e Segurança Alimentar), gestor do Fome Zero, poderia perder o status de ministro e
coordenar uma secretaria específica do programa.
Lula manifesta a intenção de
manter a Saúde e a Educação sob
controle petista. Cristovam Buarque (Educação), que pediu desculpas a Lula por declarações recentes, tenta se segurar no posto.
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