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AME-O OU AME-O
Segundo Gushiken, objetivo é recuperar "auto-estima" nacional
Marketing de Lula busca estimular o patriotismo
WILSON SILVEIRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estratégia de comunicação do
governo Luiz Inácio Lula da Silva
vem usando a exaltação de símbolos e datas nacionais, como forma de estimular o patriotismo na
população. Essa política, que se
nota em diversas ações do governo e do presidente, culminou até
agora na superprodução da comemoração do 7 de Setembro.
Nessa data, além de promover
uma festa para 50 mil pessoas na
Esplanada dos Ministérios, Lula
assinou decreto que sugere o hasteamento da bandeira brasileira
em escolas, de forma solene, às segundas ou sextas. A norma sobre
o hasteamento já existia, mas havia caído no esquecimento.
As duas torres do Congresso
Nacional, de 28 andares, estão cobertas com a bandeira do Brasil.
No alto da bandeira, lê-se "Brasil
Alfabetizado", o nome programa
de alfabetização em massa lançado no último dia 8 pelo governo.
"Popularizar o 7 de Setembro
significa isso que foi visto na Esplanada dos Ministérios. É entregar a festa ao povo", afirmou o
ministro Luiz Gushiken, da Secretaria de Comunicação e Gestão
Estratégica. "Nossa intenção é
que, nos próximos anos, a festa
possa ter ainda mais conteúdos
populares. Também temos o desejo de que essa apropriação da
data pela população possa se alastrar por todo o país", acrescentou.
Os governos militares exploraram o ufanismo com campanhas
do tipo "Brasil, ame-o ou deixe-o", "O petróleo é nosso" e uso de
músicas como "Eu te amo, meu
Brasil", numa tentativa de esvaziar os grupos de esquerda que
eram associados ao comunismo.
O objetivo era associar o regime
militar à "grandeza do país", buscando a simpatia da população.
Ao mesmo tempo, tentava passar
a imagem de que a esquerda era
contra o país. Gushiken faz questão de enfatizar que o governo Lula não é ufanista. Segundo ele, o
sentimento de nação "tem tudo a
ver" com patriotismo, mas em
nenhuma circunstância significa
qualquer tipo de nacionalismo
xenófobo. "Muito menos tem
qualquer sentido ufanista ou de
apelo de marketing. Trata-se um
patriotismo sadio."
Gushiken disse que "o objetivo
de popularizar as comemorações
e facilitar o acesso da população é
permitir que o cidadão se aproprie das datas nacionais, já que ele
é o verdadeiro "dono" de todas
elas". Essa determinação, disse,
partiu de Lula. Segundo o ministro, um dos objetivos do governo
é resgatar o "sentimento de nação" e levar os brasileiros a recuperar a auto-estima. "O processo
de mudanças desencadeado no
país a partir da posse deste governo depende da participação de todos. Queremos que cada cidadão
acredite que devemos e podemos
construir um país melhor."
O uso da bandeira é frequente
no marketing oficial, como é o caso da logomarca do principal programa social do governo Lula, o
Fome Zero. Assinada pelo publicitário Duda Mendonça, a logomarca mostra talheres sobre o círculo azul da bandeira, transformado em prato. Duda doou esse
trabalho ao governo no início do
ano, assim como a logomarca do
próprio governo -"Brasil - Um
País de Todos", que chama a atenção pela profusão de cores. Nessa
logomarca, a bandeira está desenhada na letra A.
Paradoxalmente, a Presidência
pretende retirar a foto da bandeira que aparece atrás do porta-voz
de Lula, André Singer, em suas
entrevistas no Planalto. Ela deverá ser trocada pela logomarca do
governo, por ser considerada um
símbolo do governo anterior.
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