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NEOALIADOS
PSDB e PFL reagem a encontro de Lula com oposicionistas pró-governo; Bornhausen marcou coletiva para falar do caso
Jantar com oposição acirra ânimos no Senado
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O jantar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com senadores
do PFL e do PSDB, movimento
mais explícito do governo para levar o grupo para a base aliada,
acirrou mais os ânimos da oposição no Senado, onde o Planalto
não tem uma maioria consistente.
Antes mesmo do encontro, governistas já tentavam conciliação.
Dos nove senadores convidados, dois não se dispuseram a ir:
Romeu Tuma (PFL-SP) e Paulo
Octávio (PFL-DF). "Sou favorável
que ele [Lula] converse com os senadores, mas o momento pré-eleitoral é complicado. Quero deixar claro que não vou sair do PFL,
mas estou tentando agradecer ao
ministro Dirceu [Casa Civil] pelo
convite", afirmou Octávio.
Tuma estava no interior de São
Paulo. "Eles [Tuma e Octávio] me
disseram que não vão porque não
são dissidentes", disse o líder do
PFL, senador José Agripino (RN).
Foram convidados entre os 17
senadores do PFL: Antônio Carlos Magalhães (BA), Roseana Sarney (MA), Edison Lobão (MA),
João Ribeiro (TO), César Borges
(BA) e Rodolpho Tourinho (BA).
Siqueira Campos (PSDB-TO)
também foi convidado. "Tenho
apoiado o governo. Um tempo
atrás, tive convite de uns três ou
quatro partidos, mas conversei
com o Agripino que eu não seria
oposição sistemática. Fiquei porque o partido disse que não tinha
problema. Não tenho desejo pessoal de sair, mas se o PFL radicalizar fica difícil", afirmou Ribeiro.
Reações
O PFL preferiu não se antecipar.
O presidente do partido, senador
Jorge Bornhausen (SC), marcou
uma entrevista coletiva para hoje
ao meio-dia, para se pronunciar.
"Espero que esse jantar seja indigesto e que Lula não convença.
É infeliz o governo que não tem
oposição. A tentativa de cooptação revela um ranço autoritário, o
governo quer leitores de um livro
só. Sem oposição o governo não
sabe quando erra", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), que iria ao jantar organizado por Dirceu, atuou
como bombeiro. Conversou por
telefone com o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), com
Tasso Jereissati (PSDB-CE) e
Agripino, e com o líder do PMDB,
senador Renan Calheiros (AL).
Rebelo convidou o grupo para
um almoço hoje, o que não foi
aceito, mas marcou reunião no
gabinete do líder do governo,
Aloizio Mercadante (PT-SP).
A insatisfação também chegou
ao PMDB. As conversas com os
senadores da oposição estão em
um pacote que inclui a reeleição
do presidente do Senado, José
Sarney (PMDB-AP), e da Câmara,
João Paulo Cunha (PT-SP).
O apoio do governo à reeleição
desagrada a Calheiros, que quer
ocupar a presidência do Senado.
O líder do PMDB ligou três vezes
para Rebelo ontem. A articulação
de Dirceu não prevê levar senadores para o PMDB, maior bancada
do Senado, para não fortalecer o
partido. Prefere aliados mais fiéis,
como o PTB. Sarney nega: "Nenhuma maioria pode ser feita sem
a bancada do PMDB".
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