São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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NEOALIADOS

PSDB e PFL reagem a encontro de Lula com oposicionistas pró-governo; Bornhausen marcou coletiva para falar do caso

Jantar com oposição acirra ânimos no Senado

FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O jantar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com senadores do PFL e do PSDB, movimento mais explícito do governo para levar o grupo para a base aliada, acirrou mais os ânimos da oposição no Senado, onde o Planalto não tem uma maioria consistente. Antes mesmo do encontro, governistas já tentavam conciliação.
Dos nove senadores convidados, dois não se dispuseram a ir: Romeu Tuma (PFL-SP) e Paulo Octávio (PFL-DF). "Sou favorável que ele [Lula] converse com os senadores, mas o momento pré-eleitoral é complicado. Quero deixar claro que não vou sair do PFL, mas estou tentando agradecer ao ministro Dirceu [Casa Civil] pelo convite", afirmou Octávio.
Tuma estava no interior de São Paulo. "Eles [Tuma e Octávio] me disseram que não vão porque não são dissidentes", disse o líder do PFL, senador José Agripino (RN).
Foram convidados entre os 17 senadores do PFL: Antônio Carlos Magalhães (BA), Roseana Sarney (MA), Edison Lobão (MA), João Ribeiro (TO), César Borges (BA) e Rodolpho Tourinho (BA).
Siqueira Campos (PSDB-TO) também foi convidado. "Tenho apoiado o governo. Um tempo atrás, tive convite de uns três ou quatro partidos, mas conversei com o Agripino que eu não seria oposição sistemática. Fiquei porque o partido disse que não tinha problema. Não tenho desejo pessoal de sair, mas se o PFL radicalizar fica difícil", afirmou Ribeiro.

Reações
O PFL preferiu não se antecipar. O presidente do partido, senador Jorge Bornhausen (SC), marcou uma entrevista coletiva para hoje ao meio-dia, para se pronunciar.
"Espero que esse jantar seja indigesto e que Lula não convença. É infeliz o governo que não tem oposição. A tentativa de cooptação revela um ranço autoritário, o governo quer leitores de um livro só. Sem oposição o governo não sabe quando erra", disse o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).
O ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política), que iria ao jantar organizado por Dirceu, atuou como bombeiro. Conversou por telefone com o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), com Tasso Jereissati (PSDB-CE) e Agripino, e com o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL).
Rebelo convidou o grupo para um almoço hoje, o que não foi aceito, mas marcou reunião no gabinete do líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP).
A insatisfação também chegou ao PMDB. As conversas com os senadores da oposição estão em um pacote que inclui a reeleição do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), e da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP).
O apoio do governo à reeleição desagrada a Calheiros, que quer ocupar a presidência do Senado. O líder do PMDB ligou três vezes para Rebelo ontem. A articulação de Dirceu não prevê levar senadores para o PMDB, maior bancada do Senado, para não fortalecer o partido. Prefere aliados mais fiéis, como o PTB. Sarney nega: "Nenhuma maioria pode ser feita sem a bancada do PMDB".


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