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Recepção ao petista é marcada por críticas à decisão do plenário
DO ENVIADO A COPENHAGUE
DA ENVIADA A OSLO
A irritação causada pela absolvição de Renan Calheiros
atravessou o Atlântico e chegou
aos brasileiros emocionados
pela oportunidade de um contato direto com Luiz Inácio Lula da Silva, aliado do senador.
"Eu estou muito decepcionada", dizia Sonia Linnebjerg
quando sua amiga Edna Wullff
fez questão de entrar na conversa: "Somos duas decepcionadas", gritavam em coro enquanto Lula visitava a exposição de Sebastião Salgado na Biblioteca Real de Copenhague.
Logo depois, Lula desceu para cumprimentar os cerca de
200 brasileiros presentes. Sonia dizia-se "muito decepcionada com a política brasileira,
que permite que um líder como
Renan continue sendo um líder
governamentista" [sic]. Mas ela
tinha dúvidas de que Lula tivesse contribuído para a absolvição: "Não acho, não é possível".
Sua amiga Edna, 14 anos na Dinamarca, era mais afirmativa:
"Não é possível que o presidente de um país não esteja a par de
tudo o que está acontecendo".
Edna cobrava o voto aberto e
punição aos corruptos, lembrando que, na Dinamarca, políticos flagrados em mera infração de trânsito "sentem-se
obrigados a renunciar". Três
metros adiante, Dália Alleslev
protestava: "Estou muito zangada. O Brasil tem que mudar".
Na hora em que Lula começou a circular pela sala, as reclamações deram lugar à tietagem
explícita ao presidente: "Ai,
uma foto comigo, que minha
mãe exigiu", pediu Roseli, 23.
A absolvição de Renan não
passou despercebida em Oslo:
"O Senado é uma piada" e "a base da política é corrupta" foram
as mensagens escritas numa folha de papel pardo por Josilene
da Silva e Edson José de Paulo
Santos. Mas foram abafadas pelo entusiasmo dos demais, que
receberam o presidente aos gritos de "Lula, eu te amo" e "olê,
olê, olê, olá: Lula, Lula". Josilene diz ter conseguido falar com
a primeira-dama, Marisa. Ela
gritou "cuida do meu país", ao
que a primeira-dama teria respondido: "Quando você voltar,
vai estar melhor". "E eu respondi: eu não vou voltar".
(CLÓVIS ROSSI E LETÍCIA SANDER)
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