São Paulo, domingo, 14 de setembro de 2008

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Forças Armadas atuaram na Satiagraha, diz revista

Exército nega "participação institucional" na ação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Oficiais da ativa do serviço de inteligência e autoridades das Forças Armadas também ajudaram nas investigações da Operação Satiagraha, além de agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), segundo reportagem publicada ontem pela revista "Época".
De acordo com a reportagem, o apoio extra foi obtido pelo delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que comandou a operação, e incluiu o próprio comandante do Exército, general Enzo Peri. O general ajudou o delegado, diz o texto, a conseguir informações sobre um oficial formado no Instituto Militar de Engenharia que foi trabalhar no grupo Opportunity, de Daniel Dantas, alvo central das investigações.
A suspeita de Protógenes, surgida a partir de conversas gravadas com autorização judicial, era a de que não se tratava apenas de uma contratação, mas de um aliciamento. O delegado também teria feito contatos com os serviços secretos da Marinha e da Aeronáutica para identificar veleiros e a localização de aviões usados por Dantas, segundo a revista.
O Centro de Comunicação Social do Exército negou as afirmações do delegado à revista, afirmou que não teve "participação institucional" com a PF na operação, mas admite que "esclareceu o destino profissional de um ex-aluno do Instituto Militar de Engenharia que deixou a farda".
Ainda de acordo com a reportagem, a maior contribuição das Forças Armadas à Satiagraha veio do Exército, o que deixa numa situação delicada o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que está no topo da hierarquia da área militar. Na última semana, Jobim fez duras críticas à participação da Abin nos grampos clandestinos feitos durante investigações do caso.
Ontem, nota oficial da assessoria de Jobim disse que o Comando do Exército foi ouvido e que é falsa a afirmação de participação na operação. Segundo o texto, investigou-se, "na verdade, uma denúncia contra um suposto militar do Exército", que se mostrou "infundada".
"A apuração mostrou que o investigado não pertencia aos quadros do Exército, pois havia desistido da carreira militar."
Além da ajuda dada pelo comando do Exército, a revista descreve como foi a participação do que chama de comando paralelo da operação.
Com problemas de pessoal na PF, segundo a reportagem, o delegado pediu apoio dos militares. O principal contato teria sido o major da Aeronáutica Paulo Ribeiro Branco Júnior, que o delegado conhecia havia dois anos. O major não quis falar com a revista sobre o caso.
Além dele, reuniram-se com o delegado o espião aposentado Francisco Ambrósio do Nascimento e o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de Araújo, segundo a revista, um especialista em espionagem.
Procurado ontem pela Folha, Protógenes não quis se pronunciar sobre o assunto.


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