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Forças Armadas atuaram na Satiagraha, diz revista
Exército nega "participação institucional" na ação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Oficiais da ativa do serviço de
inteligência e autoridades das
Forças Armadas também ajudaram nas investigações da
Operação Satiagraha, além de
agentes da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), segundo reportagem publicada ontem pela revista "Época".
De acordo com a reportagem,
o apoio extra foi obtido pelo delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz, que comandou a operação, e incluiu o próprio comandante do Exército,
general Enzo Peri. O general
ajudou o delegado, diz o texto, a
conseguir informações sobre
um oficial formado no Instituto
Militar de Engenharia que foi
trabalhar no grupo Opportunity, de Daniel Dantas, alvo
central das investigações.
A suspeita de Protógenes,
surgida a partir de conversas
gravadas com autorização judicial, era a de que não se tratava
apenas de uma contratação,
mas de um aliciamento. O delegado também teria feito contatos com os serviços secretos da
Marinha e da Aeronáutica para
identificar veleiros e a localização de aviões usados por Dantas, segundo a revista.
O Centro de Comunicação
Social do Exército negou as
afirmações do delegado à revista, afirmou que não teve "participação institucional" com a PF
na operação, mas admite que
"esclareceu o destino profissional de um ex-aluno do Instituto
Militar de Engenharia que deixou a farda".
Ainda de acordo com a reportagem, a maior contribuição
das Forças Armadas à Satiagraha veio do Exército, o que deixa
numa situação delicada o ministro da Defesa, Nelson Jobim, que está no topo da hierarquia da área militar. Na última
semana, Jobim fez duras críticas à participação da Abin nos
grampos clandestinos feitos
durante investigações do caso.
Ontem, nota oficial da assessoria de Jobim disse que o Comando do Exército foi ouvido e
que é falsa a afirmação de participação na operação. Segundo o
texto, investigou-se, "na verdade, uma denúncia contra um
suposto militar do Exército",
que se mostrou "infundada".
"A apuração mostrou que o
investigado não pertencia aos
quadros do Exército, pois havia
desistido da carreira militar."
Além da ajuda dada pelo comando do Exército, a revista
descreve como foi a participação do que chama de comando
paralelo da operação.
Com problemas de pessoal
na PF, segundo a reportagem, o
delegado pediu apoio dos militares. O principal contato teria
sido o major da Aeronáutica
Paulo Ribeiro Branco Júnior,
que o delegado conhecia havia
dois anos. O major não quis falar com a revista sobre o caso.
Além dele, reuniram-se com
o delegado o espião aposentado
Francisco Ambrósio do Nascimento e o sargento da Aeronáutica Idalberto Matias de
Araújo, segundo a revista, um
especialista em espionagem.
Procurado ontem pela Folha, Protógenes não quis se
pronunciar sobre o assunto.
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