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Eleições 2008 / Dossiê Câmara
"Bancada dos figurões" inflaciona campanha à Câmara paulistana
Vereadores mais antigos elevam gastos da eleição e investem
em redutos da cidade para preservar suas vagas no Legislativo
Em 2004, cada voto obtido
pelos vereadores custou,
em
média, R$ 3,4; para as
eleições deste ano, o valor
já está em R$ 3,8 por eleitor
DA REPORTAGEM LOCAL
EM SÃO PAULO
DO PAINEL
Manter o cargo na Câmara de
São Paulo está mais caro. Um
mês antes do dia da eleição, o
investimento dos vereadores
em suas campanhas já era 22%
maior do que o montante gasto
em 2004. A média é puxada pelos "figurões" do Legislativo
municipal, que estão na Casa
há anos, comandam "bancadas" sem lógica partidária e investem em bolsões específicos
da cidade a fim de garantir seus
assentos por mais quatro anos.
Em 2004, os eleitos declararam ter arrecadado R$ 10,4 milhões em toda a campanha, em
valores atualizados. Dividindo-se essa quantia pelo número de
votos que obtiveram, chega-se
à constatação de que, em média, cada voto custou R$ 3,4.
Até agora, os 52 vereadores
que tentam reeleição afirmaram à Justiça Eleitoral terem
reunido R$ 12,8 milhões.
Esse valor, dividido pelo número estimado de votos para a
reeleição, já mostra um custo
médio maior: R$ 3,8 por eleitor.
Atrás do quarto mandato, o
vereador Milton Leite (DEM),
é o campeão de arrecadação até
agora. Já soma R$ 1 milhão em
receitas. O dinheiro é gasto
principalmente na zona sul.
Em 2004, ele declarou gastos
de R$ 331,6 mil, uma média de
R$ 5,23 por voto conquistado.
Leite é um dos ícones do
"centrão", grupo de vereadores
formado na gestão da ex-prefeita petista Marta Suplicy
(2001-2004) para aumentar o
poder de barganha no Executivo -são cerca de 20 dos 55 vereadores. Hoje, eles dão sustentação ao prefeito Gilberto Kassab (DEM) na Câmara.
A abundância de recursos e a
possibilidade de capitalizar para si obras do Executivo, principalmente na área da habitação,
têm levado Leite a extrapolar
suas fronteiras nestas eleições.
Historicamente, o vereador
concentra votos em M'Boi Mirim. Agora no DEM -antes era
do PMDB-, expandiu seu território de ação para a Capela do
Socorro, também na zona sul.
O movimento está dando dor
de cabeça ao "figurão" do bairro, o vereador Arselino Tatto
(PT), que busca o sexto mandato também baseado no investimento em bolsões. A forte presença do petista e de sua família
fez com que a Capela do Socorro ficasse conhecida no meio
político como "Tattolândia".
Também ícone do "centrão",
o presidente da Câmara, Antonio Carlos Rodrigues (PR), é
outro que vem puxando a média de gastos para cima. Já arrecadou R$ 570,4 mil, diante dos
R$ 317 mil de quatro anos atrás.
Rodrigues usa a mesma tática de concentrar esforços numa área específica -se define
como um vereador "distrital".
Sua atuação se concentra em
Campo Limpo, na zona sul.
As outras regiões também
são "loteadas" entre os vereadores. Na zona norte, com foco
em Perus e Pirituba, quem mais
investe é o tucano Claudinho.
Já Wadih Mutran (PP) é conhecido como o "rei da Vila
Maria". A lógica se repete até
em bairros de classe média da
zona oeste, como a Lapa, onde
Roberto Tripoli (PV) investe
pesado.
(CONRADO CORSALETTE, RANIER BRAGON E SILVIO NAVARRO)
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