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Para pesquisador, iniciativa de fiscalizar a internet é "caricata"
DA SUCURSAL DO RIO
A iniciativa de congressistas
para regulamentar o uso da internet em período eleitoral
"chega a ser caricata", na avaliação de Camilo Aggio, pesquisador da UFBA (Universidade
Federal da Bahia).
Com pesquisa sobre o uso da
internet na política de países
como EUA e Japão, Aggio diz
que não é possível fiscalizar
conteúdos políticos na internet
como pretendem os legisladores. Mas ele avalia que a lei discutida no Congresso amplia a
possibilidade de uso da rede,
comparada à lei aplicada nas últimas eleições municipais.
(ITALO NOGUEIRA)
FOLHA - Qual a sua avaliação do
projeto discutido no Congresso?
CAMILO AGGIO - O que mais me
preocupa é a expansão do uso
de ferramentas de compartilhamento de conteúdo, mídias
sociais, para que candidatos
possam ter contato com o eleitor. Estão tentando adaptar,
depois da pressão popular. Nas
eleições passadas, políticos podiam estruturar campanhas
apenas em websites. Isso sufocava ferramentas valiosas para
fortalecer princípios democráticos. [O presidente dos EUA,
Barack] Obama utilizou largamente essas ferramentas. Agora há essa possibilidade.
FOLHA - O projeto melhora o uso
da internet na campanha?
AGGIO - Ao criar canais para os
candidatos debaterem ou exporem com mais detalhe seus
projetos, é um ganho democrático extremo. Principalmente
se for pensar na campanha de
candidatos de partidos pequenos, com menos recursos.
FOLHA - É possível fiscalizar a campanha na internet?
AGGIO - A ideia de fazer uma lei
sobre internet é tida como caduca e restritiva. Não se sabe
como vai fiscalizar, com tantos
sites de compartilhamento de
conteúdo, de relacionamento.
Chega a ser caricato que algum
representante do Legislativo
pense em fiscalizar. Usar seis,
sete funcionários do gabinete
para ver o que alguém falou ou
deixou de falar. O princípio da
internet é a liberdade.
FOLHA - Por que os políticos sentem necessidade de lei sobre isso?
AGGIO - É uma questão de preservação. Só acho que é caricato
aplicar isso à internet como um
todo porque é impossível.
Quantos blogs são mantidos
por brasileiros? Não há sistema
possível para fiscalizar todos os
blogs pessoais.
FOLHA - Há o risco de campanha
negativa?
AGGIO - Se pegar toda a literatura de campanhas online desde 1996, há mais conteúdo de
autopromoção do que referência a outro candidato.
FOLHA - Como é a lei em outros
países?
AGGIO - Nos EUA e na Inglaterra, é livre para partidos e candidatos. Cingapura e Japão têm
mais restrições, mas tinham
em todos os meios de comunicação na campanha, foi transferido para a internet. Ainda assim, a web no Japão permitiu
que políticos de partidos menores entrassem em contato com
eleitores e divulgassem inclusive sua existência.
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