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OUTRO LADO
"Querem revogar a lei de mercado", diz Clube dos 13
DA SUCURSAL DO RIO
DA REDAÇÃO
O gerente de Comunicação
do Clube dos 13, Eduardo Negrão, disse que todos os clubes
de futebol serão prejudicados
se o Cade concluir pela ilegalidade da exclusividade de transmissão. ""Querem revogar a lei
de mercado, o que é sintomático, na semana em que morreu
Roberto Campos, maior defensor no país do liberalismo econômico", afirmou o porta-voz.
O Cade decidiu investigar os
contratos de direito de transmissão dos campeonatos de futebol em TV. A investigação
deverá abranger as Organizações Globo, a TV Bandeirantes
e a TVA. Da parte dos times, serão investigados o Clube dos 13
e o Clube dos 11.
Segundo Negrão, qualquer
emissora pode disputar os contratos e assina a que oferecer
maior preço. ""Não vejo ilegalidade nisso", acrescentou.
Segundo o gerente, a Globo
tem contrato de exclusividade
com o Clube dos 13 até 2005 e
paga anualmente o equivalente
a US$ 78 milhões por isso. O dinheiro, diz ele, equivale a 60%
do faturamento total dos clubes vinculados à entidade.
A verba é distribuída de acordo com o porte dos clubes.
Vasco, Flamengo, São Paulo,
Corinthians e Palmeiras recebem o equivalente a US$ 4,5
milhões por ano. Na segunda
faixa estão sete times, que recebem cota anual de US$ 2,5 milhões. O Bahia recebe US$ 2,1
milhões. Os demais clubes estão em mais duas faixas: de
US$ 2 milhões e de US$ 1 milhão, respectivamente.
As Organizações Globo detêm hoje direitos de transmissão de mais de 20 torneios e dos
amistosos da seleção brasileira.
A maioria, desde o ano passado, é exclusiva da Globo.
O advogado da CBF, Luís Roberto Barroso, diz que os direitos de transmissão tornaram-se a principal fonte de renda
dos clubes por causa da exclusividade.
Segundo ele, se a decisão final
do Cade for contra a exclusividade, haverá uma mudança
completa de comportamento
no mercado. ""A decisão criaria
uma jurisprudência, que teria
de ser obedecida", afirmou.
A advogada Ana Paula de
Barcellos, que também assessora a CBF, diz que as empresas
acusadas podem ser punidas
também com multa de 1% a
30% do faturamento obtido no
último exercício fiscal.
Emissoras
Procuradas pela Folha, nenhuma das emissoras que estão sendo investigadas pelo Cade se pronunciou formalmente
sobre o assunto. A Globo, por
meio de sua assessoria, afirmou que ainda não foi notificada sobre a decisão do Cade de
instaurar processo administrativo para investigar os contratos de transmissão de futebol.
Executivos da emissora, no
entanto, refutam a acusação de
que a Globo monopoliza os direitos de futebol. Afirmam que
alguns campeonatos não são
exclusivos (como a Libertadores, que também é da Traffic/
Band) e que a emissora sempre
negocia com as concorrentes a
cessão dos direitos. Neste ano,
ela dividiu o Campeonato Paulista e a Copa do Brasil com a
Rede TV!. Iria compartilhar
também o Brasileiro, mas rescindiu o contrato com a Rede
TV! por causa de atrasos no pagamento das parcelas.
A Globo negocia com a Record a cessão da Copa de 2002.
Mas a iniciativa seria mais uma
forma de compensar o investimento na compra dos direitos
do que de "democratizar" as
transmissões.
Bandeirantes e TVA afirmaram, informalmente, que são
vítimas do monopólio da Globo. Disseram que são alvo da
investigação do Cade porque,
em 1997 (quando o órgão começou a estudar o caso), tinham contratos de transmissão. A Band dividia campeonatos com a Globo e a TVA disputava guerra jurídica com a Globosat pelos direitos do Brasileiro. A Globosat não se manifestou.
(EL e DC)
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