São Paulo, quinta-feira, 14 de novembro de 2002

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SÃO PAULO

Deputado eleito impede Havanir Nimtz de falar

Enéas nega venda de vagas e diz que dinheiro era para cartilhas

SILVIO NAVARRO
DA FOLHA ONLINE

A justificativa do Prona (Partido da Reedificação da Ordem Nacional) para as acusações de venda de vagas a candidatos a deputado estadual foi a mesma da que foi apresentada em 1997, quando o partido enfrentou acusações semelhantes: o dinheiro cobrado para garantir lugar na legenda refere-se à compra de cartilhas com idéias político-econômicas do fundador do partido, o médico cardiologista Enéas Carneiro.
Como há cinco anos, a voz de defesa do partido foi a de Enéas, o deputado federal mais votado da história. Apesar de estarem lado a lado durante os cerca de 30 minutos de entrevista, Enéas impediu que a vereadora Havanir Nimtz (SP) -deputada estadual eleita mais bem votada em São Paulo este ano-, se pronunciasse.
"Por ordem expressa do presidente nacional do partido, ela não vai falar. Eu sou um homem. A doutora está muito angustiada com essa história, com esse estresse e pode se emocionar. Ela vai se pronunciar por escrito", disse. Segundo Enéas, cada exemplar da cartilha custa R$ 10, e o dinheiro é pago à Livraria e Editora Enéas Ferreira Carneiro Ltda., de propriedade do médico. O custo do exemplar é de R$ 1, e o dinheiro é repassado ao partido "conforme a necessidade do Prona".
Reportagem exibida ontem pelo "SPTV", da Rede Globo, mostra gravação telefônica em que Havanir aparece cobrando R$ 5.000 do microempresário de Santos Jorge Roberto Leite para que ele garantisse uma vaga na disputa para a Assembléia Legislativa de São Paulo. Perícia na fita feita pelo foneticista Ricardo Molina, da Unicamp, constatou que a voz da gravação é de Havanir.
"Não há nada de ilegal em vender cartilhas quando uma pessoa quer comprá-las. Porque quando a pessoa não quer [comprar cartilhas] ela pode ser candidata do mesmo jeito. Não é imposição, é mentira desse senhor. Nós só ouvimos pedaços da fita. Em nenhum momento ela [Havanir] exige", disse.



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