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SÃO PAULO
Deputado eleito impede Havanir Nimtz de falar
Enéas nega venda de vagas e diz que dinheiro era para cartilhas
SILVIO NAVARRO
DA FOLHA ONLINE
A justificativa do Prona (Partido
da Reedificação da Ordem Nacional) para as acusações de venda
de vagas a candidatos a deputado
estadual foi a mesma da que foi
apresentada em 1997, quando o
partido enfrentou acusações semelhantes: o dinheiro cobrado
para garantir lugar na legenda refere-se à compra de cartilhas com
idéias político-econômicas do
fundador do partido, o médico
cardiologista Enéas Carneiro.
Como há cinco anos, a voz de
defesa do partido foi a de Enéas, o
deputado federal mais votado da
história. Apesar de estarem lado a
lado durante os cerca de 30 minutos de entrevista, Enéas impediu
que a vereadora Havanir Nimtz
(SP) -deputada estadual eleita
mais bem votada em São Paulo
este ano-, se pronunciasse.
"Por ordem expressa do presidente nacional do partido, ela não
vai falar. Eu sou um homem. A
doutora está muito angustiada
com essa história, com esse estresse e pode se emocionar. Ela
vai se pronunciar por escrito",
disse. Segundo Enéas, cada exemplar da cartilha custa R$ 10, e o dinheiro é pago à Livraria e Editora
Enéas Ferreira Carneiro Ltda., de
propriedade do médico. O custo
do exemplar é de R$ 1, e o dinheiro é repassado ao partido "conforme a necessidade do Prona".
Reportagem exibida ontem pelo "SPTV", da Rede Globo, mostra gravação telefônica em que
Havanir aparece cobrando R$
5.000 do microempresário de
Santos Jorge Roberto Leite para
que ele garantisse uma vaga na
disputa para a Assembléia Legislativa de São Paulo. Perícia na fita
feita pelo foneticista Ricardo Molina, da Unicamp, constatou que a
voz da gravação é de Havanir.
"Não há nada de ilegal em vender cartilhas quando uma pessoa
quer comprá-las. Porque quando
a pessoa não quer [comprar cartilhas] ela pode ser candidata do
mesmo jeito. Não é imposição, é
mentira desse senhor. Nós só ouvimos pedaços da fita. Em nenhum momento ela [Havanir]
exige", disse.
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