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PT SOB SUSPEITA
Presidente da CPI diz que depoimento pode ser invalidado, pois depoente teria esquecido detalhes importantes
Empresário reafirma propina em Sto. André
RENATO FRANZINI
DA REDAÇÃO
O empresário Luiz Alberto Gabrilli Filho, 67, disse ontem em depoimento a CPI na Câmara de
Santo André que pagou por cinco
anos propina para poder operar
linhas de ônibus na cidade.
Com isso, Gabrilli reafirmou o
teor do que havia dito em janeiro
ao Ministério Público, que iniciou
naquele mês investigação de um
suposto esquema de corrupção
na prefeitura da cidade, administrada pelo PT desde 1997.
Mas o depoimento à CPI pode
ser invalidado. De acordo com o
presidente da comissão, vereador
Antonio Leite (PT), Gabrilli se esqueceu de fatos relevantes em sua
fala. "Isso [o esquecimento] revela que ele tem lapsos de memória,
o que diminui bastante a qualidade de seu depoimento", disse.
O empresário se recupera de
um transplante de rim feito em
maio e aparentava bastante cansaço no depoimento ontem.
Depois de falar por cerca de 20
minutos, seus advogados pediram uma pausa, que durou 25 minutos. Depois do intervalo, Leite
perguntou a Gabrilli se ele tinha
condições de continuar. "Estou
bem", respondeu. Sua fala durou
mais 40 minutos.
Segundo Leite, a CPI vai se reunir com a assessoria jurídica da
Câmara até a próxima quarta-feira para avaliar a validade do depoimento. A opinião não é unânime entre os integrantes da comissão. Para o vereador Donizete Pereira (PV), relator da CPI, o depoimento é válido. "Acredito que
ele [Gabrilli] está melhor hoje do
que na época do depoimento ao
Ministério Público", disse.
R$ 40.800
Gabrilli foi uma das principais
testemunhas ouvidas por promotores estaduais depois da morte
do prefeito Celso Daniel, em 20 de
janeiro deste ano.
Os promotores investigavam a
possibilidade de haver relação entre a morte e supostos casos de
corrupção na prefeitura.
Aos promotores, Gabrilli disse
que participou de reuniões em
que se acertou o valor da propina.
Afirmou também ter ouvido que
o dinheiro seria usado para financiar campanhas do PT.
Ontem, Gabrilli detalhou como
foi o pagamento. Segundo ele, foram pagos R$ 40.800 mensais de
1997 a dezembro de 2001, o que
seria equivalente a R$ 550 por
ônibus. O dinheiro seria entregue
ao empresário Ronan Maria Pinto, que o repassava ao secretário
afastado de Serviços Municipais
de Santo André, vereador Klinger
Luiz de Oliveira Souza.
Ronan e Gabrilli formaram o
consórcio Nova Santo André,
vencedor de um concorrência em
1997 para explorar linhas de ônibus em Santo André.
Segundo Gabrilli, nesse período
de cinco anos, suas empresas, a
Viação São José e a Expresso Guarará, não pagaram propina por
dois meses. Em represália, Klinger teria colocado uma empresa
para concorrer com Gabrilli em
uma de suas linhas de ônibus.
Gabrilli não foi questionado pelos vereadores se o dinheiro ia para o PT. Em curta entrevista dada
após o depoimento, disse que isso
"foi comentado [com os supostos
participantes do esquema]. Mas
não sei se é para campanha".
O depoimento de Gabrilli à CPI
deveria ter sido tomado em 16 de
outubro, antes do segundo turno
da votação para presidente. Mas
uma manobra dos vereadores jogou o depoimento para ontem.
Com isso, eles foram obrigados
a prorrogar o prazo final da CPI
para a próxima sexta-feira.
Ontem, o presidente da CPI informou que deve pedir nova prorrogação de 30 dias para concluir o
relatório final.
A CPI, que é dominada por vereadores da situação, foi criada
em junho. Leite disse que "o depoimento não trouxe nenhuma
prova contundente e está no mesmo patamar dos outros".
Segundo ele, os outros não trouxeram provas que comprovassem
o suposto esquema de corrupção.
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