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Licenciado na Câmara, Berzoini ocupou cargo em estatal em 2003
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O novo presidente do PT, Ricardo Berzoini, teve assento no
Conselho de Administração do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) até agosto deste ano, apesar
de ter sido eleito deputado federal
por São Paulo em 2002.
A participação de Berzoini,
mesmo estando licenciado do
mandato para exercer o cargo de
ministro do Trabalho, pode ensejar o mesmo questionamento que
sofreu o deputado José Dirceu
(PT-SP) no Conselho de Ética. O
ex-ministro da Casa Civil pode ser
cassado, entre outros pontos, por
ter participado em janeiro de 2003
do conselho da Petrobras.
Berzoini recebeu R$ 40.119,38
por sua participação no conselho
durante exatamente um ano, entre 5 de agosto de 2004 e 5 de agosto de 2005. O posto foi herdado
pelo sucessor de Berzoini no ministério, Luiz Marinho.
Segundo o artigo 54 da Constituição, é vedado a deputados
"aceitar ou exercer cargo, função
ou emprego remunerado" em autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou concessionária de serviço público. Há
exceções para deputados desempenharem as funções de ministro
e secretário estadual, mas nada se
diz sobre participação em estatais.
Um dos argumentos no relatório do conselho para cassar Dirceu foi o fato de ele ter integrado o
Conselho de Administração da
Petrobras, o que feriria o decoro
parlamentar. A tese do relatório,
que tem respaldo na assessoria jurídica da Câmara, é que um deputado, mesmo licenciado, permanece deputado. Assim, não poderia integrar conselho de estatal.
Berzoini, assim como Dirceu,
argumenta que a participação é
uma decorrência do cargo de ministro. "Se houvesse qualquer tipo
de restrição, tanto a assessoria jurídica do BNDES quanto a do Ministério do Trabalho teriam se
pronunciado a respeito", diz.
O assunto divide especialistas
em direito público. "Se um deputado pode ser ministro, não vejo
por que não poderia ocupar um
cargo hierarquicamente inferior,
o de conselheiro", diz a professora
Odete Medauar, da USP.
Mamede Said, professor da
Universidade de Brasília, discorda. "A regra para impedir deputados de integrarem conselhos tem
como base o entendimento de
que o parlamentar tem de se dedicar ao mandato conferido a ele
por vontade popular."
(FZ)
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