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HERANÇA MILITAR
Aeronáutica diz que procedimento é incompatível com as normas da Força; novos papéis são achados em base
IPM investiga queima de arquivos na Bahia
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
O Comando da Aeronáutica,
em nota divulgada no início da
noite, informou ontem que "o
método empregado" na queima
de arquivos ocorrida na Base Aérea de Salvador (BA) é "incompatível" com as normas regulamentares para esse tipo de procedimento. O assunto vem sendo investigado em um IPM (Inquérito
Policial Militar).
Reportagem do "Fantástico" da
TV Globo no domingo informou
que na base foram queimados
prontuários, fichas e relatórios
produzidos por órgãos de informação das Forças Armadas durante a ditadura militar (1964-1985). Os papéis datam de 64 até
1994, quando o país já vivia sob o
regime democrático. A reportagem mostra imagens do terreno
onde supostamente foi feita a
queima dos arquivos.
"As ações preliminares mostram que o método empregado
para a destruição da documentação, apresentado na reportagem,
é totalmente incompatível com
aqueles estabelecidos pelas normas regulamentares da Aeronáutica para incineração de documentos oficiais", diz a nota.
Segundo o texto, a unidade da
Aeronáutica em Salvador não
guardava nenhum documento
classificado sobre o período da ditadura militar. A nota afirma que
o comandante da base não deu
ordem para a destruição de documentos.
O vice-presidente e ministro da
Defesa, José Alencar, disse ontem
ter autorizado o comandante da
Aeronáutica a investigar a suposta incineração de documentos
militares. "O comandante [Luiz
Carlos da Silva Bueno] quer fazer
uma investigação e, da minha
parte, está autorizado a fazer",
afirmou Alencar. Ele não fez mais
comentários sobre o caso.
A Base Aérea de Salvador divulgou nota oficial informando que
tomou todas as providências para
"elucidar bem os fatos".
O secretário especial de Direitos
Humanos da Presidência, Nilmário Miranda, deve receber hoje
cópias de alguns papéis que não
foram queimados.
Novos papéis
O Comando da Aeronáutica localizou ontem uma pilha de documentos intactos na Base Aérea de
Salvador (BA). O destino dos papéis também seria a incineração.
Em entrevista ao "Jornal Nacional" ontem, o comandante da
Força, Luiz Carlos da Silva Bueno,
afirmou ter ficado "absolutamente estarrecido" com a descoberta,
pois a Aeronáutica "tem procurado contribuir ao máximo" em relação à "pesquisa de documentos
que podem se tornar históricos".
Na entrevista ao "Jornal Nacional", Bueno afirmou que os documentos não estavam guardados
em Salvador e que "o espaço da
base aérea foi invadido, sem permissão". Segundo Bueno, não há
como dizer hoje se a Aeronáutica
guarda arquivos sigilosos.
"No dia 30 de novembro, expedi
uma nota ao chefe do Sistema de
Informações da Aeronáutica, que
continuasse pesquisando para verificar a possibilidade de localizar
qualquer tipo de documento que
possa facilitar a história desse período, entre 64 e 85. Caso sejam
localizados, vamos arquivá-los e
colocá-los à disposição do Ministério da Defesa."
A primeira reunião da Comissão de Averiguação e Análise de
Informações Sigilosas, criada na
sexta-feira para analisar a abertura de arquivos oficiais, deve realizar seu primeiro encontro até sexta-feira desta semana. Inicialmente previsto para ontem, o encontro foi adiado.
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