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Aeronáutica liga caso de Salvador a oficiais da reserva
ELIANE CANTANHEDE
COLUNISTA DA FOLHA
Os comandos das Forças Armadas suspeitam que o surgimento de documentos da ditadura militar (1964-1985) em Salvador seja uma "nova armação" para tumultuar as discussões sobre a abertura dos arquivos. Ela faria parte de uma operação de "contra-informação" para deixar mal a hierarquia militar aliada ao governo e
confundir a opinião pública.
A denúncia sobre os documentos queimados na Base Aérea de Salvador foi divulgada
pela TV Globo no domingo
passado, menos de dois meses
depois do aparecimento das fotos de um homem nu que seriam do jornalista Vladimir
Herzog, morto em 1975, mas
que de fato eram de um padre.
Até agora há dúvidas sobre os
reais motivos desse vazamento.
Conforme a Folha apurou, o
comandante da Aeronáutica,
brigadeiro Luiz Carlos Bueno,
trabalha com a hipótese de os
dois "vazamentos" fazerem
parte de uma operação casada.
Bueno discutiu a questão ontem em reunião com o Alto Comando da Aeronáutica. Várias
perguntas estavam sem resposta. Quem avisou a TV Globo e
com que objetivo? Quem levou
os documentos a uma base militar e queimou só uma parte,
deixando o resto legível? E por
que o material estava úmido, se
a última grande chuva em Salvador foi em 24 de novembro?
Ontem foi encontrado um saco com novos documentos numa área erma da Base de Salvador, próximo ao local onde foram queimados os primeiros.
Aparentemente, estava pronto
para ser queimado também.
A versão da Aeronáutica é
que os documentos da FAB sobre a ditadura foram queimados num incêndio do aeroporto Santos Dumont, do Rio, em 1998. Se novos documentos
surgem, a principal suspeita é
de que oficiais da reserva tenham guardado cópias, ou
mesmo originais, e estejam
agora divulgando para tumultuar a abertura dos arquivos.
Colaborou EDUARDO SCOLESE, da
Sucursal de Brasília
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