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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/CONGRESSO
Renan e líderes da oposição querem evitar recesso; deputado hesita por fidelidade ao governo
Aldo é pressionado a aceitar convocação extraordinária
FÁBIO ZANINI
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pressionado pelo presidente do
Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), pelos presidentes de
CPIs e pela maioria dos líderes
partidários, o presidente da Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP),
prometeu para hoje responder se
aceita, a contragosto, a convocação extraordinária do Congresso
em janeiro e início de fevereiro. A
tendência é ele capitular, contrariando os desejos do Planalto.
Ontem, em almoço com líderes
das bancadas, Aldo disse que tem
"poucas alternativas". Citou o fato de a aprovação do Orçamento
para 2006 ser virtualmente impossível ainda em dezembro -se
houvesse recesso, o Orçamento só
seria aprovado, no melhor cenário, em fevereiro, deixando o governo de mãos atadas para fazer
investimentos no ano eleitoral.
Aldo tem resistido à convocação em parte por lealdade ao governo, que quer ver a crise esfriar
em janeiro e fevereiro. Também
por querer evitar o desgaste com a
despesa envolvida, que chegaria a
R$ 25.694,40 de remuneração extra a cada um dos 513 deputados e
81 senadores -um gasto adicional de R$ 15,2 milhões.
A convocação começaria em 9
de janeiro (hipótese preferida por
Aldo) ou 15 de janeiro (como quer
Renan). Terminaria em 15 de fevereiro. Em dezembro, haveria
uma prorrogação dos trabalhos
até o dia 29, numa última tentativa de votar o Orçamento.
Uma saída proposta ontem, em
reunião entre Renan, Aldo e líderes partidários, é a aprovação de
decreto legislativo que cancele a
remuneração extra em convocações extraordinárias. Projeto similar já foi apresentado pelos deputados Raul Jungmann (PPS-PE) e Chico Alencar (PSOL-RJ).
Para tornar a convocação menos amarga, líderes partidários já
têm em mãos uma lista de projetos que constariam da pauta, que
inclui itens polêmicos e com reduzidíssima perspectiva de aprovação como a reforma tributária.
A convocação serviria mesmo para que as CPIs e o Conselho de Ética continuem funcionando e para
que o Orçamento seja votado.
Situação
No jogo de forças partidário,
apenas PT, PSB, PC do B e PL são
firmes contra a convocação. "Não
vemos necessidade de fazer uma
convocação, que implicará despesas", disse o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS).
Aldo, ontem, não quis adiantar
qual será sua decisão. "Vamos refletir sobre as opiniões oferecidas
pelos líderes da Câmara e do Senado e pelos presidentes da CPI e
do Conselho de Ética", afirmou.
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