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CONTAS EM XEQUE
Para o Banco Central, Conselhinho deveria checar operações dos bancos Rural e BMG
BC refuta responsabilidade por má fiscalização
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Acusados de negligência em relação a supostas irregularidades
praticadas nos bancos Rural e
BMG, representantes do Banco
Central negaram falhas, mas disseram à CPI dos Correios que a
palavra final na fiscalização de
instituições financeiras não é deles, mas do Conselho de Recursos
do Sistema Financeiro Nacional.
Fazia parte do chamado Conselhinho, que analisa em segunda
instância punições aplicadas pelo
BC, o procurador da Fazenda Nacional Glênio Guedes, que recebeu R$ 1,6 milhão do publicitário
Marcos Valério de Souza.
De acordo com o relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), os funcionários do BC citaram como exemplo a recomendação que teria sido feita por eles de
destituição de diretores do Banco
Rural. O Conselhinho teria alterado a punição para uma multa de
R$ 100 mil. Serraglio não soube
dizer a que episódio isso se referia.
Em depoimento à CPI, Glênio
confirmou o recebimento dos recursos de Valério e disse que foram pagamentos por um contrato
firmado em 2003, com validade
até 2005, entre o escritório de advocacia de seu pai, Ramon Guedes, e a consultoria Tolentino &
Melo, da qual Valério era sócio.
Ele negou que o dinheiro seja
uma contrapartida por defender,
a pedido do publicitário, os interesses do Banco Rural no do Conselhinho. O Rural concedeu a Valério empréstimos que somaram
R$ 29 milhões, repassados ao PT.
Glênio fazia pareceres sobre recursos apresentados por empresas multadas pela Comissão de
Valores Mobiliários e pelo BC.
Em um desses casos, deu um parecer pelo arquivamento de um
processo contra o Rural.
Participaram da reunião o diretor de Liquidações Antonio Gustavo do Vale, o chefe do departamento de supervisão de bancos
Osvaldo Watanabe, o chefe do departamento de combate a ilícitos
financeiros Ricardo Liáo e o gerente do departamento de fiscalização em Belo Horizonte Walter
Cançado. Além de Serraglio, participou o relator-adjunto, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ).
O ex-superintendente do Rural
Carlos Roberto Godinho disse à
CPI, na semana passada, que o BC
foi conivente com supostas irregularidades cometidas pelo banco
no episódio. Segundo ele, os empréstimos concedidos às empresas de Valério foram de fachada
para esconder a verdadeira origem do dinheiro. Ainda de acordo com Godinho, as empresas do
publicitário tinham movimentação dez a 15 vezes maior do que
seu faturamento, o que seria um
indício de lavagem de dinheiro.
"Dissemos que o Godinho afirmou que as últimas instâncias do
BC mitigaram a pressão da fiscalização feita no Rural, aí eles disseram que a última palavra não é
deles, é do conselho de contribuintes", disse Serraglio.
Os funcionários do BC teriam
afirmado que abrirão processos
administrativos contra o Rural.
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