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"MENSALÃO"/PALOCCI NA MIRA
Ministro alega falta de data para dar esclarecimento neste ano e, em carta, convence presidente da comissão a não votar requerimento
Palocci consegue adiar depoimento na CPI para 2006
SILVIO NAVARRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda) conseguiu ontem
nova vitória na CPI dos Bingos,
dividiu a oposição no Senado e livrou-se, pelo menos neste ano, de
ter de responder à comissão sobre
as denúncias de corrupção durante sua segunda gestão na Prefeitura de Ribeirão Preto (2001-2002).
Com o apoio dos senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA)
e Tasso Jereissati (PSDB-CE), o
ministro conseguiu evitar pela
terceira vez que fosse votado um
requerimento para convocá-lo. Se
fosse convocado, ele seria obrigado a depor em data definida pela
CPI. A título de "convidado", entretanto, seu comparecimento
continua facultativo.
Para dobrar a ala oposicionista
que forçava sua convocação, Palocci foi convencido pelos senadores petistas e por ACM a enviar
uma carta ao presidente da CPI,
Efraim Morais (PFL-PB), que tentou até o último momento bancar
a convocação. Na carta, Palocci
argumenta motivos de agenda
que o impedem de prestar depoimento ainda neste ano e se compromete a atender ao chamado
futuramente.
"Reitero minha disposição de
prestar os esclarecimentos que se
façam necessários sobre toda e
qualquer questão. (...) Não posso,
entretanto, deixar de pedir compreensão para o fato sabido de
que minhas obrigações exigem
freqüentes viagens nacionais e internacionais, cujas eventuais reprogramações acarretam ônus de
vários tipos", diz a carta. E acrescenta: "Penso que os membros da
comissão, sob a presidência de
Vossa Excelência, estarão em melhores condições para, oportunamente, deliberar sobre minha
eventual presença".
Após ouvir uma série de apelos
para que reconhecesse um "gesto
de humildade" na carta, Efraim
cedeu e refez, pela terceira vez,
um "convite" para que Palocci
compareça "espontaneamente" à
CPI na primeira semana de trabalho no ano que vem. Inicialmente,
o acordo firmado com o governo
era que o ministro compareceria
até o dia 10 de dezembro. Com a
recusa de Palocci, o prazo foi estendido para ontem.
"Acho que Vossa Excelência sai
muito prestigiado com esta carta
e peço que entenda o momento
que o ministro atravessa, seus
compromissos. Se puder aceitar
esta carta vou ficar muito feliz",
disse ACM.
Sem o apoio de ACM e com nova ausência de Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), a oposição não
teria votos suficientes para aprovar a convocação formal. "É melhor fazer acordo do que o correr
risco de perder", disse José Jorge
(PFL-PE). "Se o requerimento tivesse sido votado, teria sido derrotado", afirmou Flávio Arns
(PT-PR), que havia sido encarregado de negociar com o ministro.
Além de não votar a convocação
formal, Efraim nem sequer conseguiu estipular uma data para
"convite" porque o Congresso
ainda não definiu se haverá ou
não convocação em janeiro.
Irritado, o presidente da CPI negou que tenha sido derrotado.
"Não há nenhum desgaste. O ministro faz uma carta, assina. Acho
que qualquer cidadão tem que
dar crédito ao ministro da Fazenda. Se nós radicalizássemos aqui e
amanhã o ministro caísse, a responsabilidade seria da CPI. O que
nós queremos não é derrubar ministro, mas apurar as denúncias."
Pressões
As pressões para a convocação
de Palocci começaram depois do
depoimento do advogado Rogério Buratti, ex-secretário da Prefeitura de Ribeirão Preto, que denunciou um suposto esquema de
pagamento de propina na época
em que Palocci era prefeito.
Ontem, a CPI aprovou a quebra
dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Roberto Carlos Kurzweil, empresário que alugou um
Omega blindado para o PT em
2002, carro que, segundo a revista
"Veja", teria sido utilizado para
transportar dólares vindos de Cuba para o PT. O Omega foi cedido
diretamente a Palocci.
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