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Entre guaranis-caiuás, mortalidade atinge 10%
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
Afetados pela desnutrição, que
matou ao menos 15 crianças nas
aldeias neste ano, os índios guaranis-caiuás ainda sofrem com um
índice de mortalidade infantil que
chega a cem por mil nascidos vivos na fronteira com o Paraguai,
em Mato Grosso do Sul. O índice
foi informado à Folha ontem pelo
coordenador técnico da Funasa
(Fundação Nacional de Saúde) na
região, Antônio Fernandes Costa.
Segundo o IBGE, que divulgou
informações sócio-demográficas
inéditas sobre indígenas, o Censo
2000 mostrou que a mortalidade
infantil em aldeias é de 51,4 por
mil, bem maior do que a dos brasileiros em geral (30,1 por mil).
Em Amambaí (393 km de Campo Grande), onde 8.000 guaranis-caiuás habitam 2.429 hectares
próximos à cidade, o índice atual
é de cem por mil. Em Japorã e Eldorado, que abrigam mais de
5.000 guaranis-caiuás, a mortalidade é de 80 por mil.
Em Dourados (segunda maior
cidade do Estado), há 11,5 mil índios em apenas 3.500 hectares. A
mortalidade, segundo Costa, caiu
de 71 por mil (em 2004) para 32
por mil. Houve, porém, diminuição de nascimentos. "Até devido a
desnutrição, eles [os pais] começaram a pensar mais [antes de ter
um filho]", diz Costa.
Nas aldeias de Japorã, Amambaí e Dourados vivem 4.500 crianças indígenas menores de cinco
anos. No início do ano, 12% estavam desnutridas. Neste ano, até
março, 15 morreram de fome.
Em Mato Grosso, os xavantes,
que também enfrentam a desnutrição, estão cercados por plantações de soja. Em março, seis
crianças morreram desnutridas.
Ontem a reportagem não conseguiu falar com técnicos e a coordenação da Funasa, que estavam
na aldeia. Edson Beiriz, coordenador da Funai (Fundação Nacional
do Índio), diz que os 15 mil xavantes possuem terra (ao contrário
dos guaranis-caiuás), mas não
têm agricultura de subsistência.
A monocultura da soja, segundo Beiriz, poluiu rios e levou ao
desmatamento, impedindo os índios de caçar e pescar. O resultado, afirma o coordenador da Funai, é fome.
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