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Chinaglia é "resgate" para petistas caídos
Deputados acusados pelo mensalão e aliados de José Dirceu se engajam em campanha na tentativa de recuperar poder
Líder do governo também pode reabilitar PTB, PP e PR, a "trinca mensaleira'; Aldo tem entre seus aliados PFL e lideranças do "baixo clero"
SILVIO NAVARRO
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Alijados da cena política na
esteira do escândalo do mensalão, um grupo de deputados do
PT e de partidos aliados como
PP, PTB e PR (ex-PL) vêem na
candidatura Arlindo Chinaglia
(PT-SP) à presidência da Câmara uma oportunidade de resgatar poder.
Trabalham ativamente nos
bastidores da campanha petistas como João Paulo Cunha
(SP), Professor Luizinho (SP),
José Mentor (SP) e Paulo Rocha (PA), todos acusados de envolvimento no escândalo do
mensalão. Os três primeiros foram absolvidos no plenário.
Rocha renunciou, mas se elegeu para um novo mandato.
"Quem analisa desta maneira
ou o faz por desinformação, ou
por má-fé. O PT inteiro está na
minha campanha", disse Chinaglia. Sobre a importância de
sua eventual vitória para o PT,
ele foi evasivo: "Minha candidatura é suprapartidária".
Também cercam o petista lideranças da chamada "trinca
mensaleira": PP, PTB e PR.
Além de influência na Casa, as
três siglas pleiteiam inflar suas
bancadas atraindo deputados
com as vantagens de estar na
base do governo.
O PP é hoje dividido em duas
alas, mas a que controla o partido apóia Chinaglia: o presidente Nélio Dias (RN), o líder Mário Negromonte (BA), e o vice-líder, João Pizzolatti (SC).
Também integra a lista o presidente licenciado, Pedro Corrêa
(PE), cassado por conta do
mensalão.
Chinaglia tem ainda o apoio
do ex-presidente do antigo PL,
Valdemar Costa Neto (SP), e do
ex-líder da sigla Sandro Mabel
(GO). Ambos foram acusados
de participar do mensalão
-Valdemar renunciou ao mandato e Mabel foi absolvido.
O atual líder do PTB, José
Múcio (PE), participa das reuniões de coordenação da campanha de Chinaglia e trava queda-de-braço com o ex-deputado Roberto Jefferson (RJ) pelo
controle do partido.
"Tenho uma relação de confiança com o Chinaglia, mas a
sua candidatura é o retorno ao
poder de um grupo que o presidente Lula foi obrigado a tirar
do governo", afirma o líder da
oposição na Câmara, José Carlos Aleluia (PFL-BA).
No "time" de Chinaglia, também desempenham funções
centrais petistas que tentam
galgar espaço na futura bancada, como o recém-eleito Cândido Vaccarezza (SP), amigo do
ex-ministro José Dirceu, Odair
Cunha (MG) e Luiz Sérgio (RJ).
Odair e Vaccarezza são os
responsáveis por articular a coleta de recursos que bancarão a
campanha. Até agora, a conta já
tem R$ 50 mil disponíveis. Já
Luiz Sérgio tem um objetivo
claro: a liderança da bancada.
Vaccarezza negociou a "trégua" do PT paulista na Assembléia Legislativa para atrair o
apoio do PSDB a Chinaglia. Há
dois anos, ele foi um dos responsáveis por impor a derrota
ao então governador Geraldo
Alckmin (PSDB) na disputa pelo comando da Assembléia.
Sem mandato a partir do dia
1º de fevereiro, Luizinho também tem dito que "costura pontes" em SP. Há duas semanas,
ele afirmou em Brasília que fora "pegar a sua tarefa".
Aliados de Aldo
O adversário de Chinaglia,
Aldo Rebelo (PC do B-SP), também optou por alianças exóticas. Ele tem entre seus conselheiros o corregedor da Câmara, Ciro Nogueira (PP-PI), afilhado político do ex-presidente
da Casa Severino Cavalcanti e
herdeiro da interlocução com o
chamado "baixo clero".
"O que me aproximou do Aldo foi que ele não trabalha com
"panelinha" e deu chance para
todo mundo", afirma Nogueira.
Outro freqüentador assíduo
da residência oficial é o líder do
PFL, Rodrigo Maia (RJ). "O Aldo é de um partido comunista,
mas é um democrata. O PFL
não vê nenhum problema em
apoiá-lo."
O apoio pefelista a Aldo foi
acertado logo depois que, numa
conversa com o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, o comunista decidiu tentar a reeleição. Para justificar a aliança
com o PFL, Aldo diz ser o candidato da "instituição".
Pela reeleição de Aldo também trabalha o primeiro-secretário Inocêncio Oliveira (PR-PE), que almeja seguir na Mesa
Diretora, espaço que ocupou ao
longo dos anos 90 e voltou a assumir no governo Lula. Assim
como Nogueira, ele também
tem influência no "baixo clero".
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