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Volta de Lula ao trabalho começa no Equador
Petista só vai despachar dois dias em Brasília na 1ª semana efetiva do ano, às vésperas de anúncio do PAC
PEDRO DIAS LEITE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois de dez dias afastado
de Brasília para descanso no
Guarujá (SP), o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva volta hoje
ao trabalho, mas já se ausenta
novamente. Numa semana decisiva, vai dedicar apenas dois
dias para despachar em seu gabinete, no Palácio do Planalto.
É a semana mais importante
desde o início do segundo mandato de Lula, em razão da proximidade do anúncio do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), prometido no
discurso de posse ainda para
este mês, e da reta final das negociações políticas pelas presidências do Congresso.
O conjunto de medidas para
impulsionar o crescimento
econômico do país deve ser lançado daqui a uma semana, mas
ainda depende do aval do presidente. Lula não gostou do que
foi apresentado a ele no final do
ano passado, tanto que o anúncio foi adiado por um mês. Durante suas férias, determinou
que ministros e técnicos fizessem alterações para o anúncio,
marcado para o dia 22.
No entanto, o presidente terá
pouco tempo para se dedicar ao
assunto. Hoje, ele embarca
bem cedo para a posse do novo
presidente do Equador, Rafael
Correa, e retorna só à noite.
Será sua primeira viagem internacional no segundo mandato. O petista cogitava ir à posse de Daniel Ortega na Nicarágua no último dia 10, mas cancelou o compromisso para poder tirar férias.
Cúpula
Lula tem a terça e a quarta-feira para tratar do tema, porque na quinta-feira embarca
por volta do meio-dia para o
Rio de Janeiro, onde acontecerá uma Cúpula do Mercosul
com 12 presidentes convidados. O encontro, com uma
agenda intensa, dura até a tarde
de sexta-feira.
Mesmo nos dois dias que terá
para se dedicar ao PAC e a assuntos do governo, a agenda do
presidente não será integralmente voltada ao tema. Na
quarta-feira, por exemplo, recebe o time do Internacional de
Porto Alegre, campeão mundial interclubes no mês passado, no Japão.
Lula tem sido muito criticado pelos adversários por suas
férias logo no início do mandato. Depois de passar a campanha com o slogan "Deixa o homem trabalhar", o presidente
decidiu descansar dez dias assim que o governo começou,
deixando a administração nas
mãos de auxiliares.
Não bastassem os detalhes finais do PAC, Lula ainda terá de
tratar de dois assuntos conectados e relevantes para seu governo: a disputa pelas presidências da Câmara e do Senado
e a montagem de seu novo ministério.
Dois aliados, Aldo Rebelo
(PC do B-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), travam uma disputa pela presidência da Câmara que, ainda que com menor
risco, ameaça repetir o desastre
de 2005, quando a divisão de
votos entre os petistas Luiz
Eduardo Greenhalgh (SP) e
Virgílio Guimarães (MG) permitiu a vitória de Severino Cavalcanti (PP-PE), numa das
maiores derrotas do governo
Lula no primeiro mandato.
Reforma ministerial
Mesmo que um dos dois saia
vitorioso, Lula deve incluir o
outro no xadrez da reforma ministerial, já bastante complicado. Há 11 partidos (PT, PC do B,
PSB, PTB, PDT, PP, PRB, PSC,
PMDB, PV e PR -ex-PL-, integrantes da coalizão) disputando vagas na Esplanada dos
Ministérios, que tem 34 postos,
alguns muito mais cobiçados
que outros -pela verba, pela visibilidade, pelo número de cargos e pelo poder.
Além de se preocupar com a
divisão entre os aliados, Lula
tem de encontrar soluções num
curto prazo de tempo. Ministros que já estavam com a gaveta vazia para deixar o governo
concordaram em adiar um
pouco a partida, mas o prazo
era o final deste mês.
O caso mais emblemático é o
de Márcio Thomaz Bastos
(Justiça), que iria sair em dezembro, mas aceitou esticar até
o fim de janeiro.
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