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Suplentes doaram para a campanha de 15 senadores
Dos 27 eleitos em 2006, 5 receberam financiamento de possíveis substitutos
Montante que foi doado por
suplentes varia de R$ 5.000
a R$ 1,2 milhão; eles podem
exercer cargos durante anos
sem terem recebido votos
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Dos 81 senadores que farão
parte da próxima legislatura, 15
receberam doações de campanha de seus suplentes, que podem assumir o mandato sem
terem recebido nenhum voto.
No ano passado, 27 senadores
foram eleitos e cinco foram financiados, em parte, pelos seus
possíveis substitutos.
O montante doado pelos suplentes varia de R$ 5.000 a R$
1,2 milhão. Se o critério for o total arrecadado, as quantias vão
de 0,75% a 50%. Atualmente,
12 senadores no exercício do
mandato são suplentes, ou seja,
15% do Senado.
O caso mais emblemático é o
do ministro Hélio Costa (Comunicações), eleito senador
em 2002 e licenciado desde julho de 2005. Seu suplente, Wellington Salgado (PMDB-MG),
financiou 50% da campanha.
Salgado e sua família são donos
da Universo (Universidade Salgado de Oliveira) e da Unitri
(Centro Universitário do
Triângulo). Salgado é presidente da Comissão de Educação e
jamais exercera cargo eletivo.
Valdir Raupp (PMDB-RO)
disse que recebeu, em 2002,
proposta de pagamento por
uma das duas vagas de suplente. "Teve empresário na época,
de fora de Rondônia, que chegou a oferecer R$ 1,5 milhão para ser meu suplente. Sabiam
que eu podia ser governador
quatro anos depois." O mandato de senador é de oito anos.
Raupp recebeu R$ 31.700 de
seu primeiro suplente, Tomás
Correia, o que corresponde a
11% das receitas da campanha.
Na Câmara, o sistema é diferente. Se o cargo fica vago, o titular é substituído pelo candidato mais votado da coligação.
Senador eleito no ano passado, Mário Couto (PSDB-PA) teve 26,7% da campanha financiada pelo suplente Demetrius
Ribeiro, presidente do conselho administrativo da Usina Siderúrgica de Marabá. Ele doou
R$ 350 mil para a campanha.
Reforma política
O sistema de suplência do Senado não está no escopo da reforma política em tramitação
na Câmara, mas há propostas
de alteração do modelo em discussão no Congresso. O senador Jefferson Péres (PDT-AM)
é autor de projeto de lei que está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado.
Péres propõe que os suplentes tomem posse apenas em casos de licença do titular. Já no
caso de vacância por morte,
perda de mandato ou renúncia,
o novo senador seria escolhido
nas eleições federais ou municipais subseqüentes.
"Não se afigura adequado e
democrático o suplente de senador ganhar muitos anos de
mandato sem o voto popular,
circunstância que tem acontecido quando a vaga ocorre logo
no início do mandato do titular", afirma Péres na justificativa do projeto.
O senador Eduardo Suplicy
(PT-SP) está colhendo assinaturas para a apresentação de
proposta de emenda constitucional sobre o assunto. Por essa
PEC, os dois suplentes de senador também seriam eleitos de
forma direta. Cada partido ou
coligação poderia apresentar
até três candidatos a suplente.
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