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REGIME MILITAR
Analistas destacam importância de novos documentos dos EUA
DA REPORTAGEM LOCAL
O governo dos EUA liberou desde o ano passado, por
meio da Lei de Liberdade de
Informação, 4.684 telegramas relacionados ao Brasil,
dos quais 634 foram produzidos pela embaixada em
Brasília e 193 pelo consulado
em São Paulo.
Os telegramas "brasileiros" integram uma massa de
200 mil trocas de correspondência do serviço diplomático americano ao redor do
mundo entre 1973 e 1974.
Os documentos podem ser
acessados pelo site do Foia
(Freedom of Information
Act) na internet, em
www.foia.state.gov, a partir do botão sobre as coleções
de documentos desclassificados e liberados. A Folha
traduziu 20 documentos para o português e os colocou
na internet.
O jornalista Elio Gaspari,
autor de vasta obra sobre o
regime militar, dividida em
quatro volumes, revelou a liberação dos documentos em
sua coluna na Folha, em
agosto último. Para ele, "os
documentos são muito bons,
um tesouro".
Parte dos documentos foi
analisada por Kenneth Serbin, professor de história da
Universidade de San Diego,
na Califórnia, e presidente
da Brasa (Brazilian Studies
Association), que reúne cerca de 500 estudiosos sobre o
Brasil nos EUA, Europa e
Brasil, e por Matias Spektor,
professor de relações internacionais de Oxford e autor
de uma tese de doutorado
sobre as relações Brasil-EUA
no governo Geisel.
"São documentos muito
importantes, principalmente em relação aos direitos
humanos. Mostram que os
EUA estavam informadíssimos sobre o que estava acontecendo no Brasil. Mostram
que poderiam ter tido uma
atitude mais firme. Os documentos confirmam que a política global dos EUA naquele momento era a de apoiar
as ditaduras, não fazer barulho, porque os ditadores
eram aliados na luta contra o
comunismo", disse Serbin.
Além das denúncias sobre
violação de direitos humanos, os telegramas tratam
também da questão nuclear.
Em 1974, um telegrama
advertiu Washington: "O futuro presidente Geisel, do
Brasil, é descendente em primeira geração de alemães, e
acredita-se que seja simpático a uma cooperação mais
estreita entre o Brasil e a
Alemanha Ocidental. Engenheiros norte-americanos
trabalhando com a CBTN
[Companhia Brasileira de
Tecnologia Nuclear] e com o
grupo de eletricidade Furnas
para a instalação do primeiro reator brasileiro estão
profundamente preocupados com a ascensão da influência alemã na orientação
do programa nuclear do Brasil".
(RV)
NA INTERNET - Leia os documentos traduzidos na Folha
Online www.folha.com.br
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