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São Paulo, sábado, 15 de fevereiro de 2003

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Não houve dolo no que fiz, diz delegado-chefe

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Um dos suspeitos de solicitar autorização judicial para rastrear conversas telefônicas de adversários do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), 75, o delegado-chefe da Polícia Civil da Bahia, Waldir Gomes Barbosa, 50, quebrou ontem um silêncio de uma semana. Com 27 anos de Polícia Civil, disse que não pediu os grampos e acrescentou que ficou "perplexo e preocupado" quando viu a relação dos grampeados. A seguir, trechos da entrevista.
 

Agência Folha - O sr. está constrangido por ter o nome envolvido em um grampo ilegal?
Valdir Barbosa -
Como cidadão, estou perplexo e preocupado. Entretanto, como tenho conhecimento e uma visão empírica do fato, não estou constrangido. Tudo será esclarecido e as coisas serão definidas de forma positiva. Os grampos solicitados por mim foram para esclarecer um sequestro e nada mais.

Agência Folha - Como suspeito, o sr. não acha que devia se afastar do cargo até o fim das investigações?
Barbosa -
O governador Paulo Souto [PFL] já declarou que nenhum funcionário será afastado até o fim da sindicância. Vou continuar trabalhando normalmente.

Agência Folha - O sr. considera normal pedir a quebra de mais de 200 números telefônicos para investigar um sequestro?
Barbosa -
Claro que é normal. Quem trabalha com segurança pública sabe que é normal. Nós começamos qualquer investigação com um universo reduzido. Depois, com o andamento, temos que ampliar esse universo.

Agência Folha - O sr. acha que pode ter sido induzido a um erro ao pedir a quebra de tantos sigilos?
Barbosa -
Os erros são possíveis dentro de qualquer atividade profissional, mas um homem público não deve temê-los quando está com a consciência tranquila. Não houve dolo [má-fé] ou culpa no trabalho de investigação que fiz.

Agência Folha - O sr. defende o uso de grampos na investigação?
Barbosa -
Claro que sim. Temos de usar as mesmas armas tecnológicas das quadrilhas. O grampo deve ser usado para que a sociedade não fique refém do crime.


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