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Não houve dolo no que fiz, diz delegado-chefe
LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Um dos suspeitos de solicitar
autorização judicial para rastrear
conversas telefônicas de adversários do senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL), 75, o delegado-chefe da Polícia Civil da Bahia,
Waldir Gomes Barbosa, 50, quebrou ontem um silêncio de uma
semana. Com 27 anos de Polícia
Civil, disse que não pediu os
grampos e acrescentou que ficou
"perplexo e preocupado" quando
viu a relação dos grampeados. A
seguir, trechos da entrevista.
Agência Folha - O sr. está constrangido por ter o nome envolvido
em um grampo ilegal?
Valdir Barbosa - Como cidadão,
estou perplexo e preocupado. Entretanto, como tenho conhecimento e uma visão empírica do
fato, não estou constrangido. Tudo será esclarecido e as coisas serão definidas de forma positiva.
Os grampos solicitados por mim
foram para esclarecer um sequestro e nada mais.
Agência Folha - Como suspeito, o
sr. não acha que devia se afastar do
cargo até o fim das investigações?
Barbosa - O governador Paulo
Souto [PFL] já declarou que nenhum funcionário será afastado
até o fim da sindicância. Vou continuar trabalhando normalmente.
Agência Folha - O sr. considera
normal pedir a quebra de mais de
200 números telefônicos para investigar um sequestro?
Barbosa - Claro que é normal.
Quem trabalha com segurança
pública sabe que é normal. Nós
começamos qualquer investigação com um universo reduzido.
Depois, com o andamento, temos
que ampliar esse universo.
Agência Folha - O sr. acha que pode ter sido induzido a um erro ao
pedir a quebra de tantos sigilos?
Barbosa - Os erros são possíveis
dentro de qualquer atividade profissional, mas um homem público
não deve temê-los quando está
com a consciência tranquila. Não
houve dolo [má-fé] ou culpa no
trabalho de investigação que fiz.
Agência Folha - O sr. defende o
uso de grampos na investigação?
Barbosa - Claro que sim. Temos
de usar as mesmas armas tecnológicas das quadrilhas. O grampo
deve ser usado para que a sociedade não fique refém do crime.
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