São Paulo, domingo, 15 de fevereiro de 2004

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Garotinho culpa PT por assessor

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

O ex-governador e secretário de Segurança do Rio, Anthony Garotinho, declarou ontem que o ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência Waldomiro Diniz, que participou de seu governo no Rio (1999 a abril de 2002), fazia parte da "cota do PT".
Waldomiro Diniz foi exonerado do cargo a pedido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva após divulgação, pela revista "Época", de fita de vídeo na qual ele aparece negociando com um bicheiro o favorecimento em licitações em troca de propinas ("quero 1% pra mim") e contribuições para as campanhas eleitorais de Benedita da Silva (PT) e Rosinha Matheus (hoje no PMDB), ambas candidatas ao governo do Rio em 2002.
"Ele era amigo do ministro José Dirceu [Casa Civil] e foi indicado pelo PT", afirmou. Em março de 1999, Waldomiro foi nomeado para a representação do governo fluminense em Brasília. Em fevereiro de 2001, ele deixou o cargo para assumir a presidência da Loterj (loteria do Estado do Rio), onde ficou até final de 2002.
Garotinho foi eleito em 1999 em aliança com o PT, tendo a ex-ministra Benedita da Silva como vice-governadora. Em abril de 2000, porém, os petistas romperam com Garotinho e deixaram o governo, mas Waldomiro não só manteve a Representação do Rio em Brasília como no ano seguinte foi nomeado presidente da Loterj.
A governadora Rosinha Matheus (PMDB) defendeu a permanência de Waldomiro na gestão de Garotinho: "Não temos a política da perseguição. Quando o PT saiu do governo Garotinho, algumas pessoas do PT permaneceram no Estado". Ela deu entrevista ao lado de Garotinho, após chegar ao Rio, vindos de uma viagem de uma semana por Israel.
Garotinho pediu a demissão do ministro José Dirceu (Casa Civil) e a instalação de uma CPI para investigar as relações do com o bicheiro Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira: "É preciso que haja uma investigação séria, porque não há a menor dúvida de que ele era uma pessoa da maior confiança do ministro José Dirceu. Isso eu posso testemunhar".
O ex-governador disse ter ficado surpreso com a denúncia contra Waldomiro, que considerava "uma pessoa muito elegante e educada". Disse que esteve com o ex-funcionário do Presidência há 20 dias, durante um encontro com o ministro Dirceu, do qual participou o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). "A nossa relação com o José Dirceu ficou muito desgastada e ele [Waldomiro] era quem fazia a nossa ligação com o ministro. Sempre que havia algum assunto de interesse do Estado, que passava pela Casa Civil, era o Waldomiro que ligava para a gente", disse Garotinho.

Sem autorização
O ex-governador afirmou que conheceu Diniz em 1999, quando convidou o ex-governador Cristovam Buarque para ser seu secretário de Educação. Waldomiro havia sido assessor parlamentar de Buarque durante seu governo no Distrito Federal. "Ele participou da reunião que tive com o Cristovam", disse Garotinho.
Rosinha reafirmou que não autorizou Waldomiro a pedir dinheiro em seu nome. Na conversa com o Carlinhos Cachoeira, Waldomiro pediu que o bicheiro doasse R$ 150 mil para a campanha de Rosinha: "Se ficar comprovado que ele pediu dinheiro em meu nome, vou entrar com uma ação judicial contra ele".


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