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Assuntos não
têm consenso
entre ministros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Folha ouviu 5 dos 11 ministros do STF. Eles divergiram tanto sobre a conveniência da tramitação de
ações de interesse individual, quanto sobre os remédios necessários para reduzir o volume processual.
Celso de Mello disse que o
tribunal não deveria apreciar "causas que só interessam a duas pessoas", enquanto Sepúlveda Pertence
afirmou que não é essa "gordura" que inviabiliza o órgão, já que a maioria das
causas (79%) envolve o poder público.
Gilmar Mendes e Carlos
Velloso defenderam a adoção do mecanismo da súmula vinculante, previsto no
projeto de reforma do Judiciário, que tramita no Senado, como instrumento indispensável para diminuir o
número de ações.
Por esse mecanismo, os
juízes das instâncias inferiores ficarão obrigados a seguir o entendimento que a
maioria dos ministros do
STF adotar após reiteradas
decisões sobre o tema.
Os advogados e o governo
são contrários, sob argumento de que ele coibirá a
atuação dos juízes da primeira instância e "engessará" a jurisprudência.
"O ataque ao efeito vinculante em geral vem de grupos corporativos. Eles praticam a hermenêutica do interesse. Estão a serviço da
multiplicação das causas",
disse Mendes.
"A súmula vinculante tolhe essa massa inútil de processos repetidos. Não vejo
outra solução, mas tem de
ser associada a outras medidas, como a racionalização
do sistema de recursos",
afirmou Velloso.
Os ministros foram unânimes em afirmar que a maioria dos processos examinados pelo STF trata de temas
que o tribunal já decidiu em
outro recurso. Mendes estimou que, a cada ano, sejam
julgados apenas cerca de
cem temas efetivamente novos, dos milhares de processos recebidos.
Marco Aurélio de Mello foi
incisivo na crítica à prática
dos advogados de órgãos
públicos de recorrer apenas
para adiar o cumprimento
de sentenças.
"Nos últimos anos, o poder público tripudiou muito
com cidadãos. Essa percentagem [79% de ações envolvendo órgãos públicos] não
é razoável. Alguma coisa errada ocorreu. Forçou-se a
mão em prol da política econômica e financeira, atropelando-se direitos. Eles provocam o surgimento de inúmeros processos e depois
ainda vêm descascar em cima de Justiça, reclamando
da morosidade."
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