São Paulo, quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

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"Quem decide sou eu", avisa Lula ao PT

Presidente diz a jornalistas que partido pode até querer ampliar espaço no ministério, mas que escolha depende só dele

Petista afirma ainda não ter pressa para concluir reforma ministerial e que, até agora, somente ele e José Alencar estão garantidos nos cargos


ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou recado ontem para petistas afoitos que já se sentem virtualmente ministros. "Querer eles podem até querer, mas quem decide sou eu", disse a jornalistas.
Segundo o presidente, ainda não há definição de quem sai, quem fica e quem entra na reforma ministerial. Acrescentou que não tem pressa nem decidiu a data para fazer o anúncio.
Os jornalistas lembraram ao presidente que a idéia original era reduzir o espaço do PT em favor de aliados, mas está ocorrendo o contrário: o PT tenta ampliar participação e quer garantir Tarso Genro na Justiça e Marta Suplicy na Educação.
"Não estão querendo nada", desconversou, bem-humorado.
O presidente ainda disse que "está fazendo reflexões" e sugeriu: "Não trabalhem com datas. Sabem quem tem cargo definido? Só eu e o Zé Alencar".
As declarações foram feitas depois de almoço no Itamaraty para o presidente da Bolívia, Evo Morales, ao qual compareceram os dois principais aliados governistas do PMDB no Congresso: o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o senador José Sarney (AP).
Numa conversa informal, os dois disseram que o PMDB já tem quatro cargos. Os repórteres estranharam, pois na verdade são três na cota: Saúde, Comunicações e Minas e Energia. E Renan brincou: "Vocês esqueceram do Celso Amorim?" O chanceler assinou ficha no partido décadas atrás, apesar de nunca ter sido militante.
Também estava no Itamaraty o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Além de ser o nome mais forte para o Ministério da Educação, Marta Suplicy era cotada para as Cidades, mas o titular da pasta, Márcio Fortes (PP), disse ontem, ao visitar a Comissão de Desenvolvimento Urbano na Câmara, que será mantido. Apesar de Lula dizer que nada está decidido, Fortes declarou: "Nosso objetivo é ajudar a aprovar o PAC".
Apesar de Tarso continuar como favorito para substituir Márcio Thomaz Bastos (Justiça), o nome do presidente do PMDB, Michel Temer (SP), voltou a ser cogitado ontem.
Há dificuldade para Temer aceitar. A bancada da Câmara avalia que a pasta tem mais problemas do que benefícios.
Ontem, após se encontrar com Lula, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou que o presidente continua querendo o médico José Temporão no Ministério da Saúde.
"Conversei com o Lula sobre isso e ele me garantiu", disse. Cabral negou haver resistência da bancada do PMDB na Câmara à indicação de Temporão.


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