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"Quem decide sou eu", avisa Lula ao PT
Presidente diz a jornalistas que partido pode até querer ampliar espaço no ministério, mas que escolha depende só dele
Petista afirma ainda não ter pressa para concluir reforma ministerial e que, até agora, somente ele e José Alencar estão garantidos nos cargos
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
ADRIANO CEOLIN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou recado ontem para petistas afoitos que já
se sentem virtualmente ministros. "Querer eles podem até
querer, mas quem decide sou
eu", disse a jornalistas.
Segundo o presidente, ainda
não há definição de quem sai,
quem fica e quem entra na reforma ministerial. Acrescentou
que não tem pressa nem decidiu a data para fazer o anúncio.
Os jornalistas lembraram ao
presidente que a idéia original
era reduzir o espaço do PT em
favor de aliados, mas está ocorrendo o contrário: o PT tenta
ampliar participação e quer garantir Tarso Genro na Justiça e
Marta Suplicy na Educação.
"Não estão querendo nada",
desconversou, bem-humorado.
O presidente ainda disse que
"está fazendo reflexões" e sugeriu: "Não trabalhem com datas.
Sabem quem tem cargo definido? Só eu e o Zé Alencar".
As declarações foram feitas
depois de almoço no Itamaraty
para o presidente da Bolívia,
Evo Morales, ao qual compareceram os dois principais aliados governistas do PMDB no
Congresso: o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o
senador José Sarney (AP).
Numa conversa informal, os
dois disseram que o PMDB já
tem quatro cargos. Os repórteres estranharam, pois na verdade são três na cota: Saúde, Comunicações e Minas e Energia.
E Renan brincou: "Vocês esqueceram do Celso Amorim?"
O chanceler assinou ficha no
partido décadas atrás, apesar
de nunca ter sido militante.
Também estava no Itamaraty o presidente da Câmara,
Arlindo Chinaglia (PT-SP).
Além de ser o nome mais forte para o Ministério da Educação, Marta Suplicy era cotada
para as Cidades, mas o titular
da pasta, Márcio Fortes (PP),
disse ontem, ao visitar a Comissão de Desenvolvimento Urbano na Câmara, que será mantido. Apesar de Lula dizer que
nada está decidido, Fortes declarou: "Nosso objetivo é ajudar a aprovar o PAC".
Apesar de Tarso continuar
como favorito para substituir
Márcio Thomaz Bastos (Justiça), o nome do presidente do
PMDB, Michel Temer (SP),
voltou a ser cogitado ontem.
Há dificuldade para Temer
aceitar. A bancada da Câmara
avalia que a pasta tem mais
problemas do que benefícios.
Ontem, após se encontrar
com Lula, o governador do Rio,
Sérgio Cabral (PMDB), afirmou que o presidente continua
querendo o médico José Temporão no Ministério da Saúde.
"Conversei com o Lula sobre
isso e ele me garantiu", disse.
Cabral negou haver resistência
da bancada do PMDB na Câmara à indicação de Temporão.
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