São Paulo, sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

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D. Cláudio ataca atuação de neopentecostais

MAURÍCIO SIMIONATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM INDAIATUBA

O prefeito da Congregação para o Clero, no Vaticano, cardeal dom Cláudio Hummes, 73, disse em discurso ontem no 12º Encontro Nacional de Presbíteros (padres), em Indaiatuba (SP), que um dos problemas mais graves que desafiam a Igreja Católica no país é o "ativismo proselitista das seitas neopentecostais".
Segundo o cardeal, essas igrejas "são agressivamente anticatólicas". No discurso, feito para cerca de 400 padres de todo o país, o cardeal disse que as "chamadas seitas protestantes de perfil neopentecostal crescem extraordinariamente".
"Elas são ativistas e proselitistas ao extremo e, por vezes, declaradamente anticatólicas", disse o cardeal, também arcebispo emérito de São Paulo.
Na missa de abertura da 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida (SP), no ano passado, o papa Bento 16 afirmou que "a Igreja [Católica] não faz proselitismo".
Uma das maiores neopentecostais, a Igreja Universal do Reino de Deus, foi procurada ontem via assessoria de imprensa para comentar as declarações de dom Cláudio, mas até a conclusão desta edição não havia se manifestado.
D. Cláudio foi nomeado em 2006 por Bento 16 para comandar a Congregação para o Clero -um dos cargos mais importantes do catolicismo- e hoje mora no Vaticano. Entre suas atribuições estão a formação e disciplina de padres.
O cardeal destacou em seu discurso que outro problema grave enfrentado pela igreja "são os desvios e abusos de conduta moral-sexual" -apesar de eles serem, segundo d. Cláudio, "problemas muito destacados e superdimensionados pela mídia". "O mais grave é, sem dúvida, o da pedofilia, grave principalmente por causa das vítimas, que são crianças cujas vidas ficarão traumatizadas e feridas, quase sempre de modo irreparável", afirmou. No entanto, d. Cláudio disse que 99% dos sacerdotes da igreja "são homens dignos".

Política
Sobre o posicionamento da igreja diante da proximidade das eleições, d. Cláudio disse que o eleitor não deve escolher o candidato "só em troca de certos favores ou agrado".
"Tem que ver realmente qual é o programa e qual é a condição que o candidato tem para realizá-lo. Tem que ver se o candidato é sincero ou não, se tem condições, se tem dinheiro e equipe para fazer isso," afirmou dom Cláudio.
O cardeal afirmou ainda que a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) continuará a cobrar reformas no país.


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