|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fiéis da Universal processam "Extra" e "A Tarde"
Adeptos da igreja movem 41 ações de indenização, em esquema similar ao empregado contra a Folha
DA REDAÇÃO
Os jornais "Extra", do Rio de
Janeiro, e "A Tarde", da Bahia,
e dois profissionais desses veículos foram alvos, até ontem,
de 41 ações de indenização por
danos morais movidas em nome de fiéis da Igreja Universal
do Reino de Deus, por terem
noticiado ato de vandalismo
numa igreja católica em Salvador atribuído a adepto da Iurd.
Os processos repetem o mesmo esquema das 50 ações movidas contra a Folha e a repórter Elvira Lobato, autora de reportagem sobre o patrimônio
da Iurd: os pedidos de indenização, com muitos parágrafos
idênticos, são apresentados em
juizados especiais em vários
Estados, dificultando a defesa.
O jornal "Extra" e o seu diretor de Redação, Bruno Thys,
estão sendo processados por
cinco pastores da Iurd em cidades do interior do Rio de Janeiro: Barra Mansa, Campos, Miracema, Bom Jesus de Itabapoana e Santo Antônio de Pádua.
O jornal relatou caso em que
um fiel da igreja, Marcos Vinícius Catarino, danificou imagem de madeira de São Benedito numa igreja de Salvador. Catarino foi detido pela polícia e
liberado no mesmo dia.
Os cinco pastores alegaram
que se sentiram ofendidos com
a divulgação da notícia. Afirmaram no pedido inicial estar
"correndo o risco diário de sofrer agressões físicas e sofrendo discriminações até por parte de membros da Iurd, uma
vez que eles também têm sido
alvo de perseguição religiosa".
"Cumpri com o meu dever de
informar", afirmou Thys. Como o texto, publicado em 4 de
dezembro, não foi assinado, o
diretor de Redação pode ser
responsabilizado pela publicação.
De acordo com o setor jurídico do jornal, os textos das cinco
ações são semelhantes. Processaram o jornal Luciano da Silva
Xavier (em Miracema), Osvaldo Pinto Júnior (Bom Jesus de
Itabapoana), Flávio Alves de
Carvalho (Barra Mansa), Odilon Vidal da Silva (Santo Antônio de Pádua), Luiz Alex Nogueira da Silva (Campos).
Em 3 de dezembro, o jornal
"A Tarde" publicou reportagem sobre o mesmo episódio,
assinada pelo repórter Valmar
Hupsel Filho. Até ontem, haviam sido movidas 36 ações
contra a empresa e o jornalista
em vários Estados, nenhuma
em Salvador, sede do jornal.
Uma das ações foi extinta.
"É uma ação orquestrada para intimidar e cercear a nossa
liberdade de expressão", diz
Ranulfo Bocayuva, diretor de
jornalismo do grupo "A Tarde".
Três ações contra a Folha foram extintas por ilegitimidade
da parte. Um dos autores foi
condenado por litigância de
má-fé. "É incrível que, num
país em que o Judiciário sofre
com o acúmulo de demandas, e
os cidadãos sofrem com a conseqüência desse acúmulo, seja
possível a adoção de estratégias
pretensamente "jurídicas" que
só pioram esse quadro -e inutilmente", diz Taís Gasparian,
advogada da Folha.
Texto Anterior: D. Cláudio ataca atuação de neopentecostais Próximo Texto: Judiciário: OAB diz que reapresentará ao STJ lista de indicados a ministro Índice
|