|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/PALOCCI NA MIRA
CPI votará convocação de testemunha; oposição não cogita chamar ministro novamente
Ex-caseiro deve confirmar à PF idas de Palocci à "casa de lobby"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Francenildo dos Santos Costa,
24, caseiro até ontem da casa alugada entre 2003 e 2004 por ex-assessores de Antonio Palocci Filho
(Fazenda) na Prefeitura de Ribeirão Preto (SP), deve confirmar
hoje à Polícia Federal o testemunho de que o imóvel não apenas
era freqüentado pelo ministro
-contrariando o depoimento
que Palocci prestou à CPI dos
Bingos em janeiro- como também servia para partilha de dinheiro e abrigava festas animadas
por garotas de programa.
A testemunha aproxima ainda
mais Palocci do grupo de lobistas
acusado de interferir em negócios
de seu interesse no governo Lula,
como a renovação do contrato de
R$ 650 milhões da empresa de informática GTech com a Caixa
Econômica Federal.
A Polícia Federal intimou o caseiro Francenildo Santos Costa
para ser apresentar e se de identificar hoje, em Brasília, a pedido da
CPI dos Bingos. A intimação foi
feita porque havia dúvidas sobre
sua real identidade e localização.
A própria CPI vai votar hoje a
convocação do caseiro. Se for o
pedido for aprovado, ele deve depor amanhã.
A CPI chegou a Francenildo por
meio do motorista Francisco das
Chagas Costa, que já desmentira
Palocci na semana passada. Em
depoimento à CPI, o motorista
disse ter visto Palocci "duas ou
três vezes" na casa. Depois Costa
foi até a casa no Lago Sul, bairro
nobre de Brasília, e identificou, a
um agente da Polícia Federal que
o acompanhava, Francenildo como o homem que limpava e vigiava a casa.
Num primeiro contato com o
agente da PF, o caseiro negou que
tivesse trabalhado para a chamada "república de Ribeirão". Ele resolveu falar após ter entrado em
contato com assessores do PSDB
no Senado, por meio de um conhecido comum.
Em entrevista ao jornal "O Estado de São Paulo", publicada ontem, Costa afirmou que Palocci
esteve na mansão "10 ou 20" vezes
-o ministro nega. No período de
oito meses em que trabalhou para
ex-assessores do ministro, o caseiro teria presenciado a entrega
de dinheiro a Ademirson Ariosvaldo da Silva, assessor especial
de Palocci, no estacionamento do
Ministério da Fazenda, em Brasília. Ariosvaldo atua como um secretário particular do ministro.
Francenildo Costa disse ter presenciado o movimento de malas e
pacotes de dinheiro, em notas de
R$ 50 e R$ 100, administrado
principalmente por Vladimir Poleto, ex-funcionário da Prefeitura
de Ribeirão Preto.
O dinheiro, segundo o caseiro,
era enviado mensalmente de São
Paulo por Rogério Buratti, ex-assessor de Palocci em sua primeira
gestão na Prefeitura de Ribeirão.
A Folha tentou localizar Francenildo Costa ontem de manhã na
casa do Lago Sul. Uma funcionária disse que ele havia abandonado o emprego poucas horas antes.
O advogado Wlicio Chaveiro
Nascimento disse que seu cliente
deve confirmar à PF, hoje, o teor
da entrevista divulgada ontem.
Francenildo contou, na reportagem, que para ir à casa Palocci
não usava um carro oficial, mas
sim um Peugeot prata pertencente a Ralf Barquete, então assessor
da presidência da Caixa, morto
em 2004. Barquete possuía um
carro com essas características,
vendido em 2004 para Poleto.
Segundo denúncia de Buratti ao
Ministério Público, era Barquete
quem recebia em nome do PT,
entre 2001 e 2002, R$ 50 mil mensais da empresa Leão Leão como
parte de um esquema de caixa
dois na gestão de Palocci.
O ministro seria chamado de
"chefe" pelos freqüentadores da
casa, contou ainda o ex-caseiro. A
mesma expressão consta de interceptações de telefonemas de Buratti feitas a pedido do Ministério
Público.
CPI
A oposição apresentou dois requerimentos sobre o assunto na
CPI dos Bingos. Porém demonstrou cautela sobre a possibilidade
de chamar Palocci para depor
mais uma vez. "É preciso ouvir o
caseiro antes. Até agora não há
provas, apenas testemunhos",
disse o senador Romeu Tuma
(PFL-SP), um dos autores do requerimento de convocação da
testemunha.
O líder do PFL na Câmara, Rodrigo Maia (RJ), criticou a própria
oposição pelo excesso de zelo
com Palocci. "Não podemos ficar
calados. A matéria é explosiva. O
presidente precisa ter coragem
para demitir Palocci", disse.
Texto Anterior: PMDB governista marca reunião para adiar prévia Próximo Texto: Outro lado: Ministro recorre ao mercado para negar acusação Índice
|